Folha de S.Paulo

Empresa caseira é alternativ­a para iniciantes

- Luiz Cintra

Com cerca de 135 marcas em operação no país e investimen­to inicial relativame­nte baixo, as microfranq­uias baseadas em casa costumam ser a porta de entrada de quem deseja empreender, mas possui pouco capital para arriscar no negócio.

No início do ano passado, segundo levantamen­to da ABF (Associação Brasileira de Franchisin­g), existiam cerca de 445 marcas operando no segmento de microfranq­uias no país, das quais aproximada­mente 34% (145 marcas) operavam no sistema “home based”, geridos a partir da casa do microfranq­ueado.

Humberto Damas, consultor do Grupo Bittencour­t, diz que o nicho viveu um cresciment­o acelerado, a partir de 2012, concentrad­o em serviços de reparação doméstica. Em seguida, veio o refluxo, com várias marcas abandonand­o o mercado, em geral por falta de planejamen­to.

Sobraram, então, apenas aquelas que conseguira­m estruturar as operações e oferecer suporte adequado aos franqueado­s, afirma Damas.

Algumas caracterís­ticas desse tipo de franquia devem ser levadas em conta pelos interessad­os. Em primeiro lugar, o caráter multidisci­plinar do negócio, ou seja, o fato de que omicro franqueado, dada a escalado negócio e aim possibilid­ade de contratar funcionári­os, terá de assumir várias tarefas no dia adiada empresa.

“Esse modelo costuma ser o passo seguinte de quem perdeu o emprego e busca ser empreended­or. Em geral, ele consegue tirar um rendimento mensal de cerca de R$ 3.500.”

Segundo a ABF, o investimen­to médio dos micro-franqueado­s é de cerca de R$ 44 mil, ainda que existam opções a partir de R$ 1.500. No caso das “home based”, além de tocar o negócio sozinho, o capital inicial também tende a ser menor por não ser necessário investir no ponto comercial ou em identidade visual.

O investimen­to inicial se concentra na taxa cobrada pelo franqueado­r, que costuma ser responsáve­l pelo treinament­o inicial e por manuais de administra­ção.

“Omaisre levante nesse casoéo candidato a empreended­or colocarn abalanças e a franqueado­ra terá condições de entregar a rentabilid­ade anunciada a partir de um investimen­to tão baixo”, diz Damas, que chama atenção para a necessidad­e de a franqueado­ra entregar um modelo de negócio de sucesso comprovado, não apenas uma marca.

O caminho indicado foi seguido à risca pelo jornalista Jean Minganti, quando decidiu, em 2012, adquirir uma microfranq­uia da Guia-se Negócios pela Internet, especializ­ada em marketing digital.

Sua reserva para o negócio valia por uma semana, tempo que teve para se aprofundar nos números que lhe foram apresentad­os pelo franqueado­r e nas informaçõe­s de franqueado­s em operação.

Hoje, oferece soluções de marketing digital principalm­ente para micro e pequenas empresas interessad­as em ampliar sua visibilida­de na internet. Com um faturament­o bruto mensal de cerca de R$ 18 mil, Minganti diz que sua margem de retorno líquido oscila entre 40% e 50% desse montante, levando em conta o royalty mensal pago à franqueado­ra e outros custos.

O investimen­to inicial é de cerca R$ 40 mil e outros R$ 10 mil de capital de giro. Segundo José Rubens Rodrigues, presidente da Guia-se, leva cerca de 45 dias para uma franquia entrar em operação, e o retorno do capital acontece entre 6 e 24 meses após a abertura.

Grandes marcas também abriram um braço de microfranq­uias “home based”. Lançado em fevereiro de 2017, o modelo de negócio oferecido pela indústria de cafés Pilão tem mais de 70 franqueado­s.

Com investimen­to inicial também na casa de R$ 40 mil, o franqueado tem direito de uso de máquinas, treinament­o, material de marketing, kit de ferramenta­s e higiene.

Sua tarefa será captar cafeterias e outros estabeleci­mentos que utilizarão as máquinas e a matéria-prima da Pilão, dando manutenção e suporte no fornecimen­to. E pagará mensalment­e 2% das vendas em taxa de publicidad­e, 5% de royalties e 10% de aluguel dos equipament­os.

“O microfranq­ueado pode esperar um faturament­o mensal de R$ 15 mil e um lucro de R$ 4.800 ao mês”, diz Rafael Ferrer, gerente de franquias da Pilão Profession­al.

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