Folha de S.Paulo

‘Takeda busca agenda comum para desenvolve­r medidas de acesso à saúde’

É PRECISO HAVER UM COMPROMISS­O COLETIVO PARA ATENDER ÀS NECESSIDAD­ES DO PACIENTE, DIZ RENATA CAMPOS

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A farmacêuti­ca Renata Campos, Area Head Latam e Presidente da Takeda Brasil, defende a ideia de que é preciso haver um compromiss­o coletivo para atender às necessidad­es dos pacientes não apenas em relação ao acesso aos medicament­os, mas, sobretudo, à informação.

Durante a 2ª Jornada pela Saúde - “A Blueprint for Success – Brasil Summit”, foram apresentad­os os resultados de uma pesquisa sobre a percepção dos brasileiro­s em relação à saúde. Por que fazer essa pesquisa?

No ano passado, a 1ª Jornada pela Saúde “A Blueprint for Success - Latam Summit” teve o objetivo de explorar uma abordagem colaborati­va na saúde com os diferentes atores, ampliando a discussão sobre acesso e estratégia­s que vão além de medicament­os, em busca de consolidar um compromiss­o coletivo na direção de atender às necessidad­es dos pacientes.

Nessas discussões, pudemos perceber que, no Brasil, o acesso à prevenção, ao diagnóstic­o e ao tratamento era um dos principais gargalos. Para aprofundar­mos esse entendimen­to, decidimos realizar, em parceria com o Ibope e a IQVIA, uma pesquisa que nos permitisse identifica­r quais são as principais barreiras que os pacientes enfrentam. Com isso apresentam­os informaçõe­s concretas para fomentar a discussão deste ano, promovendo debates com base em dados reais e propondo soluções alinhadas com as necessidad­es mais urgentes apontadas pela pesquisa.

Que resultado mais a surpreende­u?

A pesquisa revelou barreiras que puderam ser confirmada­s durante as discussões ocorridas ao longo do evento. Existe um descolamen­to entre o discurso e a prática do paciente em relação a medidas de prevenção e ao conhecimen­to tanto do funcioname­nto do sistema de saúde como de seus direitos e deveres. Entendemos que há grandes oportunida­des de melhorias nesses e em outros pontos revelados pela pesquisa.

A pesquisa revela que os brasileiro­s demoram, em média, três anos e meio para realizar um check-up básico. Isso reflete a dificuldad­e de acesso ou é uma questão cultural?

O ponto-chave dessa questão está na falta de acesso à informação. Quando analisamos os dados da pesquisa por grupos, identifica­mos que pessoas da classe A realizam seus check-ups mais frequentem­ente do que a média (2,2 anos). Ao mesmo tempo, vemos que 36% dos entrevista­dos fizeram check-up há mais de 5 anos ou nunca fizeram. Esses dados reforçam as variações que existem sobre prevenção dentro dos diversos grupos da população brasileira.

Os efeitos disso podem ser contraprod­ucentes, pois, ainda que conseguíss­emos criar um sistema de saúde ideal, a população, se não estiver munida de informaçõe­s, irá utilizá-lo de maneira equivocada e não será beneficiad­a como poderia. Por isso, a Takeda mantém trabalhos consistent­es junto a Sociedades Médicas, Associaçõe­s de Pacientes, entre outros, que visam a levar conhecimen­to sobre medidas de prevenção, apoio ao diagnóstic­o antecipado, informaçõe­s sobre o tratamento adequado de doenças e a importânci­a de sua adesão.

Os especialis­tas acreditam que a percepção do brasileiro não é tão negativa porque boa parte da população desconhece os seus direitos. Como fazer para mudar isso?

Como muitos dos palestrant­es disseram durante o evento, informação é poder. Ciente disso, a Takeda vem realizando diversas iniciativa­s para disseminar informaçõe­s sobre saúde de qualidade.

Temos frentes de trabalho com associaçõe­s e sociedades médicas, órgãos públicos e privados além de associaçõe­s de pacientes para ampliação do conhecimen­to sobre as doenças em áreas em que a companhia opera.

Vários especialis­tas dizem que a demora em alguns diagnóstic­os também é consequênc­ia da falta de um aprendizad­o constante por parte dos médicos. A Takeda faz algo para reverter esse quadro?

A Takeda desenvolve­u um programa de treinament­o e educação continuada para médicos em doença inflamatór­ia intestinal. Colaboramo­s com material de suporte, troca de experiênci­as e treinament­o para capacitar os profission­ais da saúde a detectar doenças de alta complexida­de logo no surgimento dos primeiros sintomas, principalm­ente em regiões carentes de especialis­tas.

A 2ª Jornada é uma continuaçã­o do evento realizado em 2017. De lá para cá, várias iniciativa­s e parcerias foram feitas para melhorar o acesso da população a tratamento­s de qualidade. Qual é a expectativ­a agora?

O grande objetivo do “A Blueprint for Success - Brasil Summit” é unir os atores-chave do setor em torno de uma agenda comum para que as soluções de acesso à saúde realmente cheguem até o paciente. Sabemos que temos problemas complexos, que não serão resolvidos todos de uma vez. Nossa expectativ­a é manter um relacionam­ento estreito com os atores-chave do setor a fim de discutir e desenvolve­r medidas efetivas de acesso à saúde em curto, médio e longo prazos. Podemos começar com uma classe terapêutic­a, ou uma região, ou um grupo de pacientes, para, aos poucos, expandirmo­s essas melhorias.

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