Falta de prevenção adequada é o primeiro obstáculo a ser enfrentado
PARA ESPECIALISTAS, PESQUISA DO IBOPE REVELA QUE A PERCEPÇÃO DOS ENTREVISTADOS SOBRE OS CUIDADOS COM A SUA SAÚDE MOSTRA O DESCOLAMENTO ENTRE DISCURSO E PRÁTICA DE PREVENÇÃO
Os brasileiros afirmam que estão cuidando da sua saúde, que se alimentam direito, que vão ao médico e que fazem exames regularmente. Mas, ao mesmo tempo, demoram, em média, três anos e seis meses para fazer um simples check-up (exames de sangue, urina, fezes e pressão).
O objetivo da pesquisa Ibope apresentada durante a 2ª Jornada pela Saúde - “A Blueprint for Success - Brasil Summit” - era apontar os principais obstáculos que as pessoas enfrentam para ter acesso à saúde de qualidade. Mas também revelou outro dado importante: o de que a percepção dos entrevistados em relação à saúde está bem distante da realidade.
Dados da pesquisa apontam que 60% dos entrevistados dizem ter uma alimentação saudável, que mais da metade afirma ter participado de campanhas de vacinação e que quase 40% dizem praticar alguma atividade física com frequência.
“A pesquisa mostra um descolamento entre o discurso e a prática. As pessoas entrevistadas falam que estão se prevenindo, que a vacinação é importante, mas os índices de vacinação no Brasil estão caindo”, afirma a Dra. Cyrla Zaltman, Presidente do Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal do Brasil (GEDIIB), que participou de uma mesa durante o evento para debater os resultados da pesquisa.
Para o Dr. Claudio Tafla, Diretor médico do Grupo Bem e professor do MBA em gestão de saúde, as pessoas se preocupam com prevenção, mas não sabem como colocar isso de forma realista em suas vidas. E a ajuda de um profissional da saúde é fundamental nesse processo.
Clínico Geral
Segundo a pesquisa, o clínico geral é o especialista mais procurado. Para os presentes ao evento, esse dado revela que, em muitas regiões do país, isso é reflexo da falta de médicos especialistas. Tafla diz que é preciso criar uma política de Estado que incentive os profissionais a ficar em sua região de origem, e não só nos grandes centros.
A figura do médico da família foi defendida por Christine Battistini, da associação dos pacientes do International Myeloma Foundation. “É uma prática que funciona muito bem nos Estados Unidos, tem a confiança dos envolvidos e pode encurtar o tempo entre o surgimento dos sintomas e o tratamento.”
A pesquisa também aponta que a duração média das consultas é de 17 minutos. A Dra. Cyr- la Zaltman diz que os médicos, muitas vezes pressionados pela falta de tempo, não conseguem examinar o paciente como um todo. “O paciente chega ao consultório reclamando de uma dor no pé, e o médico só olha para o pé dele”, afirma Zaltman.