Uso eficiente do sistema de saúde depende de informação de qualidade
BRASILEIRO TEM EXPECTATIVA BAIXA EM RELAÇÃO A ATENDIMENTO, E PRONTO-SOCORRO É PRINCIPAL QUEIXA
O dado impressiona: apenas 19% dos entrevistados se dizem satisfeitos com a saúde no Brasil e 44% com o atendimento em prontos-socorros.
Como explicar, então, que a mesma pesquisa mostra que 76% se dizem satisfeitos com as campanhas e o acesso à vacinação; 70% dizem ter tido acesso a exames e 80% a consultas? Segundo o Ibope, muitas vezes, a expectativa do brasileiro é tão baixa em relação à saúde que apenas a marcação de uma consulta já é considerada uma vitória.
“Mas não deve ser assim. Precisamos lembrar aos pacientes que eles podem se informar mais e melhor para se tornarem protagonistas da própria saúde”, afirma Helena Soares, Diretora do Ibope Inteligência, ao apresentar os dados da pesquisa.
Um dos pilares para isso é o empoderamento dos pacientes para que entendam como usar o sistema de saúde de modo mais eficiente e sem desperdício de tempo e recursos.
A juíza Gabriella Spaolonzi, do Tribunal de Justiça de São Paulo, diz que é preciso divulgar os direitos dos usuários da saúde pública e privada. Para ela, é preciso “criar coragem” para que haja mais diálogo entre as instituições.
Outro ponto importante da pesquisa é o que aponta que só 15% dos entrevistados dizem receber algum tipo de comunicação sobre a necessidade de realizar exames ou consultas.
Luciana Holtz, Presidente do Oncoguia, afirma que falta acesso à informação de qualidade. Acostumada a ver de perto as dúvidas e aflições de pacientes com câncer, ela acredita que a tecnologia tem muito a contribuir nesse processo. “Prontuários eletrônicos, por exemplo, levam as pessoas envolvidas a participar mais, a serem donas de seus dados e de sua história”, ressalta.
O desafio é levar informação, mas também conquistar a confiança dos usuários.
“A razão do trabalho de todos nós existir é o paciente - e ele tem que ser o centro das decisões”, diz Maria Lúcia Capelo Vides, Superintendente do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos. “Os médicos, então, são grandes engajadores do sistema de saúde, tendo que estar sempre dispostos tanto a ouvir quanto a informar”.
“Falar em empoderamento é importante, mas também é essencial pensar que a realidade brasileira é muito diversa”, diz Aline Leal, técnica do Ministério da Saúde.