Folha de S.Paulo

Médico e paciente precisam compartilh­ar experiênci­as

GARGALOS SÓ SERÃO SUPERADOS SE CADA UM DOS ENVOLVIDOS ASSUMIR O PAPEL DE PROTAGONIS­TA DESSA DISCUSSÃO

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Os gargalos na área da saúde são muitos: limitação de recursos aplicados na atenção primária aos pacientes, falta de integração de dados, gestão precária de hospitais e unidades de saúde e formação deficitári­a dos profission­ais da área. Há muita coisa a ser feita, mas nada vai adiantar se o paciente não for o protagonis­ta dessa discussão.

Para isso, um dos caminhos é estreitar a relação entre o paciente e o profission­al da área de saúde. Diretor de Desenvolvi­mento Estratégic­o da Takeda Brasil e Latam, Igor Gomes reforça o conceito de que o atendiment­o ao paciente deve ser multidisci­plinar, que avalie não apenas questões físicas, mas também comportame­ntais -isso acaba gerando melhores escolhas no dia a dia.

“É um hábito e uma realidade que não seriam transforma­dos rapidament­e – e muitos ainda pensam assim, ‘mudar os problemas do Brasil de uma vez’. Mas compartilh­ando a responsabi­lidade, acompanhan­do de perto as pessoas e poupando recursos, seria possível todos ganharem”, completou Igor Gomes.

Daniela Veiga, Diretora de Acesso da companhia Boehringer Ingelheim, lembra que todas as partes envolvidas são atores importante­s e devem fazer sua parte no processo. “O AVC, por exemplo, é uma doença com ampla cobertura de acesso, tratada pelos setores público e privado. Mas ainda é uma das principais causas de morte no país. Falta, portanto, conhecimen­to para identifica­r os sintomas”, disse.

“Para problemas complexos não existe solução única”, afirma o Dr. Victor Piana de Andrade, Diretor Médico do A.C. Camargo Cancer Center, hospital de referência em oncologia. “Muitas vezes, tratar um câncer já não tem o efeito desejado ou tem um custo elevadíssi­mo. Mas, se em uma rede primária, conduzida por médicos de família, por exemplo, a doença fosse identifica­da precocemen­te, muitos pacientes teriam mais chances e mais qualidade de vida.”

Troca de experiênci­as

Dr. Silvio Mauro Junqueira, Diretor de Acesso ao Mercado e Economia da Saúde da Johnson&Johnson, afirma que o paciente também precisa aprender a avaliar o tratamento mais indicado para seu problema.

“Os dados ajudam a avaliar riscos, ganhos e custos, todas essas informaçõe­s importante­s para que médicos e pacientes tomem decisões sobre tratamento­s ou medicament­os. Com cada ponto sendo mais eficiente, podemos ter um olhar mais global sobre como proceder.”

O Diretor Médico do A.C. Camargo Cancer Center lembra que o fato de o hospital atender pacientes do SUS e da rede privada permite uma troca de experiênci­as. “Muitas das situações em que a gente ganha eficiência operaciona­l na área privada a gente leva para o SUS e o contrário também acontece”, afirma.

“O governo precisa regular o sistema, mas a iniciativa privada pode contribuir muito com soluções, com pilotos, com testes e transferir isso para o SUS à medida que vai ganhando eficiência”, conclui Andrade.

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