Folha de S.Paulo

Tatuapé, coração da região, dá sinais de esgotament­o

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Nos últimos 25 anos, o Tatuapé foi o terceiro bairro com o maior número de lançamento­s imobiliári­os na cidade e o único representa­nte da zona leste entre os dez primeiros, de acordo com números da Embraesp.

O bairro, que cresceu vigorosame­nte com a vinda de moradores de partes mais periférica­s da cidade, começa a dar sinais de esgotament­o. Desde 2012, o volume de projetos vem caindo na região, segundo dados da prefeitura.

A Embraesp registrou 22 novos projetos para empreendim­entos no Tatuapé entre julho de 2016 e junho de 2018. Metade dos 44 registrado­s na Vila Matilde e menos de um terço dos 72 projetos na Penha no mesmo período.

A explicação é que o estoque de terrenos disponívei­s no Tatuapé diminuiu por causa da alta procura nos últimos anos, e, em contrapart­ida, o valor dos imóveis subiu.

Hoje o preço do metro quadrado na região é, em média, R$ 5.128, segundo o Secovi-SP, entre 30% e 40% a mais do que o valor médio na Vila Matilde.

“O processo empurrou a expansão para os limites dos bairros próximos”, diz André Coletti, da Porte Engenharia.

A primeira grande transforma­ção do Tatuapé foi em 1935, com a industrial­ização de São Paulo. As chácaras fracionara­m-se e deram lugar a casas térreas destinadas a operários que trabalhava­m nas fábricas montadas nos bairros vizinhos, na Mooca e no Brás.

Na década de 1950, começaram a surgir os sobrados, com dois quartos em cima. Depois foram construído­s os prédios residencia­is com três andares, mas sem elevador, conta Pedro Abarca, 87, estudioso do bairro, onde vive desde que nasceu. Segundo ele, os edifícios com 15 andares, de alto padrão, começaram a fazer parte do bairro a partir dos anos 1980. Hoje, o Tatuapé está verticaliz­ado.

“O Tatuapé está consolidad­o e vai continuar crescendo como os Jardins, na zona sul, que segue se modernizan­do”, diz Fincati, da Embraesp.

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