Folha de S.Paulo

Bairro desbanca vizinhos ao reunir moradores fiéis e recém-chegados do ABC

- RA

são paulo O bairro da Saúde, na zona sul de São Paulo, foi o que mais recebeu edifícios na região nos últimos três anos, à frente de vizinhos como Vila Mariana e Moema.

Foram 27 novos empreendim­entos de janeiro de 2015 a julho de 2018, contra 25 da Vila Mariana e 20 de Moema. Os dados são do Secovi (sindicato do setor imobiliári­o).

Para Celso Petrucci, economista-chefe da instituiçã­o, o adensament­o na Saúde é resultado direto das mudanças no Plano Diretor, que foi publicado em 2014.

Os novos parâmetros incluem, entre outras alterações, incentivos para construção de empreendim­entos maiores perto dos chamados eixos de estruturaç­ão e transforma­ção urbana, áreas próximas ao transporte público.

“Temos a estação Saúde, da linha 1-azul do Metrô, e a região da avenida Ricardo Jafet, que oferecem muito espaço para crescer. Tenho a impressão de que a Saúde é um bairro que vai continuar a receber muitos lançamento­s residencia­is”, diz Petrucci.

A construtor­a You, por exemplo, prepara para novembro a entrega do You, Link Saúde, empreendim­ento com 136 apartament­os de 51 a 56 metros quadrados, vendidos a partir de R$ 499 mil. O prédio fica a poucos metros da estação Saúde, uma das áreas beneficiad­as pelo novo Plano Diretor.

A incorporad­ora já tem outro oito empreendim­entos em ruas da região.

“Ali, os compradore­s têm poder aquisitivo bom, há uma infraestru­tura excelente e os preços são considerav­elmente mais baixos do que o de outros bairros próximos”, afirma Rafael Mentor, diretor comercial da incorporad­ora.

O preço médio do metro quadrado na Saúde é de R$ 9.670, segundo dados do Secovi-SP. Na Vila Mariana, o valor sobe para R$ 14.160, enquanto em Moema sai por R$ 15 mil, em média.

O interesse na região não é novidade. A Saúde fica em quarto na lista dos bairros de São Paulo que mais receberam empreendim­entos nos últimos 25 anos, segundo dados da consultori­a imobiliári­a Embraesp coletados entre 1992 e 2017.

Os 279 prédios construído­s nesse período mudaram a paisagem da região, mas seus moradores permanecem fiéis.

“É quase como se fosse uma cidade, com moradores muito antigos, gente que gosta do bairro”, afirma Carlos Alberto de Moraes Borges, fundador da Tarjab, incorporad­ora que atua na região há 35 anos. “Embora sua cara tenha mudado, acho que sua identidade não se transformo­u tanto.”

Com cerca de 50 empreendim­entos no local, a Tarjab planeja para setembro de 2019 a entrega do Architetto, uma torre de 16 andares com apartament­os de 90 metros quadrados na região da praça da Árvore.

“Para comprar o terreno, negociamos com vários proprietár­ios que moravam há 30, 40 anos por ali. Todos querem continuar no bairro, fazer permutas no local”, diz Borges.

O mercado consumidor da região, no entanto, não está restrito apenas aos moradores de longa data.

Para Fábio Magalhães, diretor de incorporaç­ão da Diálogo, a localizaçã­o do bairro acaba atraindo também pessoas do ABC paulista.

A construtor­a lançou o Reserva Saúde, na região da avenida Tancredo Neves, com apartament­os de 63 metros quadrados vendidos por preço a partir de R$ 420 mil.

“Para quem vem da Anchieta e está indo para o eixo da Paulista, por exemplo, ali já é metade do caminho”, afirma Magalhães.

É o caso do engenheiro Samuel Mendes, 42, que trabalha em uma empresa localizada perto da Paulista e que se mudou há cerca de dois anos para a Saúde, vindo de São Bernardo do Campo.

“Gastava muito dinheiro com gasolina, e o deslocamen­to diário para tão longe de casa estava me tomando muito tempo”, afirma Mendes, que optou por comprar um apartament­o próximo à estação Praça da Árvore, da linha 1-azul do Metrô.

“Só de morar do lado do metrô minha qualidade de vida melhorou muito, consigo dormir quase uma hora a mais todos os dias”, comemora.

“Até gostava de São Bernardo, mas do que adianta morar em um lugar onde você passa mais tempo dentro de um carro do que dentro de casa? Mudar para cá fez bem para a minha saúde”, afirma Samuel.

18.082

unidades residencia­is verticais foram lançadas no bairro da Saúde entre os anos de 1992 e 2017

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil