Folha de S.Paulo

O poder de um bistrô infalível como o Ici

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Acomida francesa na cidade vai bem, “merci” (como comprovou esta revista em O Melhor de sãopaulo Restaurant­es, Bares & Cozinha). Quando morava perto do Pacaembu, o Ici Bistrô era meu restaurant­e de casa, era lá que marcava reuniões, degustaçõe­s, usava como sala de visita. Lembro de ótimos jantares com produtores que lá passaram, como Jean-Guillaume Prats (então do Cos d’Estournel) escolhendo raia para acompanhar seu vinho, um bordozão.

Sempre gostei de chegar a restaurant­es no exato momento em que abrem, dá para assistir a um pouco da tensão final antes da função. Um guardanapo que faltou, o polimento de taças, e também observar a comédia humana da chegada dos comensais. Não vou ao cinema, prefiro uma mesa de canto de onde se veja todo o salão, é diversão garantida.

Presenciei o aperfeiçoa­mento até a perfeição do steak tartare, do pain perdu. Então me mudei. O Ici ficou longe, deixou de ser alcançavel a pé.

Deu saudade do lugar, não da minha vida ali, não sou nostálgico, o tempo de Pacaembu passou, gosto mais das memórias dos outros, como as de Proust. Mas precisei celebrar essa longevidad­e de um bistrô infalível.

E comi bem. Nessa década e meia de existência, não só o Ici ficou redondo, como a oferta de produtos melhorou. Os queijos da Serra das Antas me satisfazem muito. O pont l’éveque e o reblochon são extraordin­ários. O truque é comprar e terminar de afinar em casa, eles vendem queijos um pouco ao gosto brasileiro, levemente antes da hora perfeita de consumo. Eu compro, deixo passar um bom tempo até que fiquem de massa pastosa, aromáticos. Brinco que estão no ponto quando começam a andar e falar.

Comi a maravilhos­a costela com azeitonas, e a grande tarte tatin, que já foi tema desta coluna. Bem queria um Ici para alcançar a pé.

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A tarte tatin do Ici Bistrô, em Higienópol­is

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