Como São Paulo cresceu em seis décadas
Cidade viu sua população quintuplicar entre os anos 1950 e 2010 e chegar a 11,2 milhões de moradores em uma expansão que ocorreu de forma desigual e privilegiou bairros distintos em cada década; saiba quais regiões se destacaram
1950-1960 V. MARIANA (ZONA SUL)
Nos anos 1950 a subprefeitura da Vila Mariana ganhou 84 mil novos habitantes, um aumento de 72% em relação à sua população do início da década.
Nesse período, o bairro se consolidou como polo de educação e cultura com a construção do Teatro João Caetano, edifício modernista que fazia parte do Convênio Escolar, um programa da época para construção de edifícios educacionais, e da Biblioteca Infantil da Vila Mariana, que depois virou Biblioteca Viriato Corrêa.
Hoje, o bairro abriga diversas instituições educacionais, como a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o Liceu Pasteur e o Arquidiocesano.
1960-1970 SAÚDE (ZONA SUL)
O bairro chegou a 1970 com 105 mil habitantes, um crescimento de 66% em dez anos.
A forte expansão teve origem na área denominada Bosque da Saúde, constituída ainda no século 19 e local de piqueniques nos fins de semana.
A origem imigrante do bairro da Saúde vem dos anos 1930, quando japoneses e alemães foram morar nos arredores da capela de Santa Cruz, que foi erguida no local em 1910.
Em 1930 as terras foram divididas e mais tarde loteadas e urbanizadas pela Companhia City. Em 1947, a prefeitura nomeou as primeiras ruas do bairro e abriu caminho para a expansão que veio anos mais tarde.
1970-1980 PINHEIROS (ZONA OESTE)
Um dos bairros mais antigos da cidade, Pinheiros viu sua população crescer 27% ao longo da década de 1970, com a subprefeitura atingindo 338 mil moradores em 1980.
A área se desenvolveu com o ciclo do café, entre o final do século 19 e o começo do século 20. Nesse período, também recebeu imigrantes, principalmente italianos e japoneses.
Na década de 1970, ganhou força a vocação cultural e boêmia, assim como a diversidade do comércio e serviços, o que atraiu mais empreendimentos imobiliários e moradores.
Hoje é um dos bairros mais valorizados da cidade, com forte comércio e opções de gastronomia, cultura e lazer, como o Instituto Tomie Ohtake e a Praça Benedito Calixto.
1980-1990 MORUMBI (ZONA OESTE)
Foi um dos que mais cresceram na década de 1980, quando sua população saltou 29%, chegando a 40 mil moradores.
A região, hoje uma das mais ricas da cidade, já foi conhecida como Fazenda Morumbi, propriedade de aproximadamente 8.000 metros quadrados. O terreno abrigava uma capela e uma casa luxuosa construída em 1813 pelo regente Diogo Antônio Feijó.
No fim dos anos 1950, o bairro ganhou impulso com a construção do estádio do Morumbi e, em 1964, com a mudança da sede do governo do estado para o Palácio dos Bandeirantes.
Esses dois eventos ajudaram a impulsionar sua verticalização na década de 1980, especialmente nos arredores da avenida Giovanni Gronchi.
1990-2000 LAPA (ZONA OESTE)
A década de 1990 foi um período de decréscimo populacional na maior parte dos bairros de São Paulo. O Bom Retiro, por exemplo, perdeu 26% dos seus moradores nessa época. Destacou-se assim a Vila Leopoldina, que manteve sua população.
Parte de um sítio chamado Emboaçava, a Lapa passou por forte fase de desenvolvimento na década de 1950. A construção do Centro Industrial Miguel Mofarrej no lugar de antigas olarias levou indústrias e deu nova vida à região.
A abertura da Ceagesp, em 1969, trouxe ainda mais movimento para o local.
A partir da década de 1990, fábricas deixaram essa parte da cidade e galpões foram desocupados, abrindo espaço para prédios residenciais.
2000-2010 CAMBUCI (CENTRO)
O bairro experimentou grande crescimento populacional na primeira década do século 21, com o número de moradores saltando 29%, para 37 mil pessoas.
É um dos bairros mais antigos da cidade, e seu nome advém da grande quantidade da árvore de cambuci que se espalhava pelo local.
A construção do Museu do Ipiranga (Museu Paulista) em 1890 e da linha de bonde que atravessava o Cambuci, ligando o centro da cidade ao museu, valorizou as chácaras da região, que começaram a ceder espaço à exploração imobiliária.
Nessa mesma época, com a chegada de imigrantes europeus, a maioria italianos, começou a ampliação dos limites do Cambuci.
Nos anos 2000, o desenvolvimento do bairro se acelerou com a abertura de mais bares e restaurantes. A nova rede de serviço, as boas opções de lazer, como o Parque da Aclimação, e a proximidade com o centro colocaram o bairro no radar das construtoras e dos compradores.