Com Bolsonaro, PSL alavanca nomes de pouca expressão em três estados
Em Roraima, Rondônia e Santa Catarina, candidatos apoiados por presidenciável lideram pesquisas
A bênção do presidenciável Jair Bolsonaro alçou candidatos do PSL sem expressão política à liderança das intenções de voto em três estados: Roraima, Rondônia e Santa Catarina.
Caso vençam neste domingo (28), Antônio Denarium (RR), Coronel Marcos Rocha (RO) e Comandante Moisés (SC) alcançarão uma marca inédita no partido, que só elegeu um governador em 2002, quando Flamarion Portela venceu em Roraima.
Ainda assim, ele se filiou ao PT no início do ano seguinte à disputa.
Diferentemente de Portela, os candidatos de 2018 vivem o novo momento do PSL, que deixou de ser a sigla de um cacique pernambucano, Luciano Bivar, para virar o reduto do clã bolsonarista.
Cada um dos três se apresenta como “o governador do Bolsonaro” em seus estados e defende valores similares aos do presidenciável, como o fortalecimento do agronegócio e o enrijecimento da segurança pública. Dois deles, Moisés e Rocha, têm ligação com o militarismo, com carreiras no Corpo de Bombeiros e na Polícia Militar.
Como o PSL era um nanico até estas eleições, também fazem uma campanha mais enxuta e com menos recursos declarados à Justiça Eleitoral do que os seus adversários. Em Santa Catarina, até esta sexta (26), o dinheiro recebido pelo candidato do PSL era quase 20 vezes menor que o do seu concorrente do PSD.
Os bolsonaristas tiveram uma trajetória de ascensão eleitoral conforme relacionavam seu nome ao do presidenciável. A dois dias do primeiro turno, o Ibope apontava Moisés, em Santa Catarina, Marcos Rocha, em Rondônia, em quarto lugar na disputa.
Ambos, que não formaram coligação, surpreenderam e tiveram a segunda melhor votação dos estados.
Por email, o candidato catarinense afirma ter certeza que “a influência da onda Bolsonaro nos alavancou”.
Em Roraima, o empresário e pecuarista Antonio Denarium estava em segundo nas intenções de voto, mas ficou em primeiro quando as urnas foram apuradas.
Ele diz que “apoio do nosso presidente Jair Bolsonaro foi fundamental” para seu crescimento e afirma compartilhar com ele “a mesma vontade de moralizar o atual cenário político”.
Nesse segundo turno, Denarium publicou nas redes sociais vídeos de todos os passos de uma visita que fez a Bolsonaro no Rio, último dia 17: anunciando que iria embarcar, a chegada ao aeroporto, e o encontro com ele.
Marcos Rocha, que se declara “o escolhido pelo Bolsonaro” em Rondônia, tem feito o mesmo: tirou foto em café da manhã com o capitão reformado e tem vídeos com o candidato e imagens de bastidores de encontros.
Nenhum dos dois candidatos da região Norte é, necessariamente, novo na política: Denarium se candidatou a suplente de senador pelo PPS na chapa de Marluce Pinto, que concorria pelo PSDB em 2010 e perdeu.
A chapa do pecuarista tem outros seis partidos. Sua campanha é financiada principalmente por ele próprio e por ruralistas, além de transferências partidárias.
Promete reduzir secretarias, mas não especifica quais, e “tolerância zero com práticas de corrupção”, afirmando que irá algemar no local de trabalho funcionários corruptos.
Em Rondônia, Rocha foi secretário no governo Confúcio Moura (MDB) e também na Prefeitura de Porto Velho, na gestão Mauro Nazif (PSB).
Dos três, Moisés é o que tem no passado a menor relação com a política —foi corregedor-adjunto dos bombeiros—, e a campanha mais enxuta.
Ele diz rodar o estado com o próprio carro para fazer os seus eventos, usando voos comerciais em “raros casos”.
Seus horários eleitorais na TV são iniciados com um aviso que diz: “O programa a seguir foi produzido sem uso de dinheiro público de financiamento de campanha”.
A inexperiência em campanhas eleitorais tem sido criticada pelo adversário Gelson Merísio (PSD), que foi presidente da Assembleia Legislativa do estado.
“Um governador não pode ser apenas um número”, declarou, alfinetando a propaganda de Moisés, que casa o 17 de Jair Bolsonaro com o de sua candidatura estadual.
Questionado sobre a provocação, Moisés respondeu que sua principal experiência foi, “além de cuidar de vidas, liderar os que dela também cuidam”.
“E, convenhamos, administrar um estado é muito mais cuidar da vida de quem vive nele, proporcionando saúde, segurança, educação e qualidade de vida, do que simplesmente levar 15 partidos para o governo e acomodá-los por quatro anos”, afirma.