Bolsonaro juntará 3 pastas e país terá superministério
Fazenda, Planejamento e Indústria estarão sob o comando de Paulo Guedes
O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), decidiu que o Brasil terá um superministério da Economia. Sob a chefia de Paulo Guedes, a nova pasta será formada pela junção de Fazenda, Planejamento e Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) emitiu nota criticando a decisão.
Segundo a entidade, o setor precisa de ministério próprio. Guedes discorda.
“Vamos salvar a indústria brasileira, apesar dos industriais”, disse o economista.
Para o futuro ministro, a fusão de Fazenda e Indústria tem como meta reduzir a carga tributária, em sincronia com uma política de abertura comercial.
A gestão Bolsonaro também vai unir as pastas da Agricultura e do Meio Ambiente, disse Onyx Lorenzoni, que chefiará a Casa Civil.
A medida, que não é consenso entre representantes do agronegócio, preocupa ambientalistas, para quem a fusão deve causar aumento do desmatamento e da violência no campo.
O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), decidiu criar o superministério da Economia. Ele ainda vai unir os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente.
Não houve anúncio sobre o destino dos ministérios ligados às áreas de energia, transporte e saneamento, que também podem ser agregados para formar o superministério da Infraestrutura.
As definições em relação à infraestrutura envolvem negociações mais longas porque a equipe de Bolsonaro quer indicar militares para alguns cargos estratégicos.
A nova pasta da Economia reunirá os atuais ministérios da Fazenda, do Planejamento e do Mdic (Indústria, Comércio Exterior e Serviços) e será comandada pelo economista Paulo Guedes.
Após pressão do setor industrial, Bolsonaro chegou a descartar a inclusão do Mdic no superministério. Mas voltou atrás, o que foi comemorado por Guedes —que ficou irritado ao ser questionado sobre a mudança de plano.
“Está havendo uma desindustrialização há mais de 30 anos, nós vamos salvar a indústria brasileira apesar dos industriais brasileiros”, disse.
A proposta de junção consta do plano de governo apresentado por Bolsonaro à Justiça Eleitoral.
O anúncio de sua criação foi feito nesta terça-feira (30) por Guedes e Onyx Lorenzoni, futuro chefe da Casa Civil, após reunião para tratar da transição de governo.
O encontro foi realizado na casa do empresário Paulo Marinho, no Jardim Botânico, zona sul do Rio de Janeiro.
Guedes foi enfático na defesa da incorporação do Mdic à Fazenda. Afirmou haver um objetivo na medida: reduzir a carga tributária de forma sincronizada com uma política de abertura comercial.
O futuro ministro afirmou que a abertura no governo Bolsonaro será gradual para não prejudicar a indústria, que, em sua avaliação, está usando o Mdic como trincheira para se defender de mudanças necessárias.
“O Ministério da Indústria e Comércio se transformou numa trincheira da Primeira Guerra Mundial. Eles [industriais] estão lá com arame farpado, lama, buraco, defendendo às vezes protecionismo, subsídio, desonerações setoriais, que prejudicam a indústria brasileira —em vez de lutarem pela redução de impostos, simplificação e uma inte- gração competitiva na economia internacional.”
Essa guerra setorial, em sua avaliação, favorece apenas setores mais organizados e prejudica o país: “Quem tem lobby consegue desoneração e quem não tem vai para o Refis [programa de renegociação de dívidas tributárias]”.
A redução da carga tributária e a simplificação dos impostos teriam como objetivo interromper esse círculo vicioso e permitir o ganho de competitividade por meio da abertura comercial, de acordo com Guedes.
“Não vamos fazer uma abertura abrupta para prejudicar a indústria brasileira. Ao contrário, vamos retomar o seu crescimento com juros baixos, reformas fiscais e desburocratização”, disse.
“A razão de o Ministério da Indústria e Comércio estar próximo da economia é justamente para isso. Não adianta a turma da Receita ir baixando os impostos devagar, e a turma da indústria abrir muito rápido. Isso tudo tem de ser sincronizado, com uma orientação única”, afirmou Guedes.
Em relação à superpasta, o futuro ministro disse que ainda não começou a tratar de nomes para chefiar as estatais.
Guedes afirmou que não convidou quadros que estão no governo Michel Temer para ficar na nova gestão.
Mansueto de Almeida, secretário do Tesouro, e Marcos Mendes, secretário especial da Fazenda, são cotados para permanecer.
Sobre a subvenção do diesel, Guedes afirmou que uma opção foi elaborada, mas ainda não deu tempo de levá-la ao presidente eleito.