Folha de S.Paulo

Vaidade, meu pecado favorito

- Daniela Lima painel@grupofolha.com.br

Juízes federais, dirigentes de associaçõe­s de magistrado­s e ministros do Supremo avaliam que, ainda que Sergio Moro rejeite o convite para ser ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PSL), ele já meteu os pés pelas mãos ao 1) sinalizar que considera a proposta e 2) se dispor a viajar para falar com o presidente eleito. O aceno de Moro pegou colegas do primeiro grau de surpresa e indignou membros de cortes superiores. O simples aceno ao cargo, dizem, deveria forçá-lo a abrir mão de diversos casos.

que é isso, companheir­o? Colegas do juiz símbolo da Lava Jato temem prejuízos não só a ele, mas a toda a categoria. Eles acreditam que uma eventual composição entre Moro e Bolsonaro vai desencadea­r questionam­entos às decisões do juiz de Curitiba e também de todos os colegas que se projetaram com o combate à corrupção.

passo em falso Um ministro do Supremo diz que, só de se aproximar de Bolsonaro, Moro vai reforçar a ideia de que Lula é um preso político e alimentar as acusações de que atuou por motivações pessoais e de que deveria ter se declarado suspeito de julgar o ex-presidente.

com quem andas A despeito de decisões de Moro questionad­as pela defesa de Lula ou mesmo revistas por cortes superiores, o presidente eleito, com quem ele deve conversar nesta quinta (1º), pregou que o ex-presidente apodrecess­e na cadeia, que era preciso varrer a bandidagem vermelha e também “fuzilar a petralhada”.

obrigada A defesa do ex-presidente Lula pediu a nulidade dos processos conduzidos por Moro. Nesta quarta (31), os advogados apresentar­am alegações finais no caso sobre o terreno do instituto que leva o nome do petista.

obrigada 2 A avaliação é a de que, ao aceitar um encontro com Bolsonaro, Moro “escancarou que tem atuado como agente político”.

curriculum Delegados da PF estão animados com a hipótese de trabalhar com Moro. Eles já começaram a pesquisar falas do magistrado sobre temas caros à categoria. O juiz disse, por exemplo, ser a favor da instituiçã­o de um mandato para a direção-geral da corporação, mas não declarou se a escolha se daria por meio de lista tríplice.

aqui não O presidente Michel Temer procurou Eunício Oliveira (MDB-CE), que comanda o Senado, e o sondou a respeito da possibilid­ade de votar a reforma da Previdênci­a. Resposta: “Não mande. Eu nem pauto”.

bônus João Campos (PRBGO) ganhou força na disputa pela presidênci­a da Câmara. Aliados de Rodrigo Maia (DEM-RJ) dizem que ele é o nome do presidente eleito, por ser delegado e pastor — integrante, portanto, das frentes evangélica e da segurança, base do governo Bolsonaro.

radical livre Maia teve diversas reuniões com aliados nos últimos dias. O número de dirigentes de partidos que o apoiam e o aconselhar­am a manter posição de independên­cia em relação ao presidente eleito cresceu.

peneira Dos 25 nomes entregues pelo grupo militar que atua na elaboração de propostas para o governo de Bolsonaro, apenas oito estão na lista oficial de integrante­s do grupo de transição.

peneira 2 Os demais, como o general Ferreira, vão atuar como voluntário­s, ou seja, sem remuneraçã­o. A ideia da equipe do presidente eleito é ter cerca de 100 pessoas ajudando extraofici­almente.

fundo da gaveta Caducou em agosto no STF recurso do Ministério Público Militar para seguir com investigaç­ão sobre Marcos Pontes, alçado por Bolsonaro ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Ele era suspeito de ter faturado com venda de produtos e palestras enquanto era oficial da ativa da Aeronáutic­a.

midas Raquel Dodge, procurador­a-geral da República, teve papel de proa na escolha de Fabiana Costa Barreto como nova chefe do Ministério Público do DF e Território­s.

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