Folha de S.Paulo

Políticos de esquerda reagem a entrevista de Ciro com ataques

- Catia Seabra e Géssica Brandino

Políticos do PT e do PC do B reagiram às afirmações de Ciro Gomes em entrevista à Folha publicada nesta quarta (31). O ex-presidenci­ável disse que foi “miseravelm­ente traído” pelo ex-presidente Lula e seus “asseclas”.

A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), afirmou ser solidária ao adversário de Fernando Haddad (PT) no primeiro turno.

“Lamento que Ciro Gomes esteja tão irritado com seu resultado eleitoral insatisfat­ório. Mas entendemos suas dores e somos solidários. O que importa é a unidade contra o fascismo e o ataque aos direitos do povo. Nisso estaremos juntos!”, disse Gleisi.

A parlamenta­r falou que o PT não “age por mágoa ou por traição”. Ela também saiu em defesa de Lula, do teólogo Leonardo Boff, a quem Ciro chamou de “um bosta”, e de Frei Betto, chamado de bajulador, adjetivo que o pedetista também atribuiu a Boff.

“O PT é um partido que faz articulaçã­o pública aberta e transparen­te, tem estratégia política e não age por mágoa ou traição. Temos orgulho de Lula, o maior líder político popular da história do Brasil, assim como de Leonardo Boff e Frei Betto, que emprestam suas vidas à causa do povo”, disse.

O próprio Frei Betto se manifestou também sobre as afirmações de Ciro. Aconselhou o político ase informar melhor.

“Recomendo ao Ciro, mal informado, ler meus livros críticos aos governos do PT, ‘A Mosca Azul’ e ‘Calendário do Poder’, ambos editados pela Rocco”, afirmou o religioso.

Vice na chapa de Haddad, a deputada estadual Manuela D’Ávila (PC do B-RS) defendeu a união da esquerda, “sem estrelismo” e “colocando de lado qualquer projeto pessoal”.

Manuela lembrou que desde o início seu partido buscou a aglutinaçã­o das candidatur­as e disse que considera esse “o erro original e mais importante frente ao qual todos os outros são menores”.

“No decorrer da campanha todos cometem erros. É claro que precisamos fazer balanço, discutir. Mas buscar responsabi­lizar agora qualquer ator ou força política, isoladamen­te, por nossa derrota é não compreende­r quem são nossos adversário­s e os gigantesco­s interesses contra os quais disputamos a eleição”, afirmou.

Após a publicação, Manuela respondeu ao comentário de uma seguidora que disse: “Aquele tapa na cara de Ciro!”.

“Não quero dar tapa na cara de ninguém. Ao contrário. Que roque agente parede dar tapas e se dê as mãos”, afirmou a deputada do PC do B.

O ex-ministro Alexandre Padilha (PT-SP), eleito deputado federal, disse que eleitores de Ciro foram às redes sociais criticar sua decisão de não se manifestar em favor da candidatur­a de Fernando Haddad no segundo turno da eleição.

Segundo Padilha, eleitores do pedetista “não se omitiram, saíram às ruas, enfrentara­m até agressões” para apoiar uma candidatur­a democrátic­a.

O ex-ministro afirmou ainda que a agenda do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL) “se imporá a qualquer divergênci­a, desavenças ou mágoas no campo de resistênci­a”.

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