Folha de S.Paulo

França quer definição política para traçar futuro

- Gabriela Sá Pessoa

Recuperand­o-se de pneumonia nos dois pulmões, o governador Márcio França (PSB) tem comentado a interlocut­ores que aguardará o rearranjo da política nacional, nos primeiros meses da presidênci­a de Jair Bolsonaro (PSL), para definir qual será seu futuro após deixar o Palácio dos Bandeirant­es.

Derrotado por João Doria (PSDB) no segundo turno, no domingo (28), por um placar de 51,75% a 48,25%, o pessebista avalia que os mais de 10 milhões de votos que recebeu foram um bom resultado político.

Ele começou a disputa com 3% das intenções de voto, mas na reta final do primeiro turno ultrapasso­u Paulo Skaf (MDB) por 89 mil votos.

“Há vitórias eleitorais que já tive que me senti em derrota. E há derrotas que me senti vitorioso. Hoje, me sinto vitorioso aqui”, ele afirmou, em discurso após o resultado no domingo (28).

O placar nas urnas seguiu o que as pesquisas de intenção de voto apontavam ao longo do segundo turno, até que o Datafolha de sábado (27) mostrou França numericame­nte à frente de Doria.

A equipe reconhece que a pesquisa animou mais do que deveria.

A campanha do governador avalia que Doria foi eficaz ao associá-lo ao PT e à esquerda durante o segundo turno.

A estratégia pegou sobretudo no interior do estado, onde França precisava ganhar terreno para equilibrar a disputa. Na capital, o pessebista venceu o ex-prefeito com 58,1% dos votos.

Além disso, acreditam que o discurso polarizado da eleição nacional contaminou a disputa estadual.

Reservadam­ente, França tem avaliado que fez o possível para se descolar dos petistas —atraiu apoios de militares e do senador eleito Major Olímpio (PSL), bolsonaris­ta, e levou Skaf para a campanha—, mas que é impossível apagar o passado.

O governador já coordenou as campanhas à Presidênci­a de Anthony Garotinho, em 2002, e de Eduardo Campos —morto em acidente aéreo, em 2014

Seguidores de Márcio França no Twitter têm sugerido que ele dispute a Prefeitura de São Paulo, algo que, por enquanto, ele descarta.

Alguns aliados próximos do governador, no entanto, apostam que dificilmen­te ele passará os próximos quatro anos fora da vida política, sem disputar algum cargo.

O pessebista diz que quer aguardar os primeiros desdobrame­ntos do governo Bolsonaro, intuindo que os próximos lances da política exigirão um rearranjo dos partidos do campo progressis­ta, em que ele se coloca.

França tirou a semana para se tratar da pneumonia, após ser aconselhad­o pelos médicos a se preservar. Ele tem se queixado de enjoos, por causa da medicação, e de falta de ar.

Só na semana que vem procurará a equipe do ex-prefeito João Doria, chefiada pelo vice Rodrigo Garcia (DEM), para iniciar as conversas sobre transição.

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