Dólar cai 8% e Bolsa sobe 10% no mês da eleição de Bolsonaro
Mercado consolida ganhos na contramão do exterior por apostar na agenda reformista do presidente eleito
O dólar caiu mais de 8% em outubro, o maior tombo desde junho de 2016, reflexo da euforia de investidores com o desenrolar da corrida eleitoral que deu a vitória a Jair Bolsonaro (PSL). A Bolsa subiu quase 10% no mês.
“O mercado comprou a tese de um governo eleito capaz de tocar as reformas necessárias. A retórica pós-eleição sugeriu dedicação à austeridade fiscal, privatizações, independência do Banco Central, atenção especial à atividade empreendedora e eficiência tributária”, afirma Felipe Miranda, economista e estrategista-chefe da Empiricus.
“Para um mercado disposto a acreditar, foi o suficiente.”
O dólar encerrou esta quarta-feira (31) em alta de 0,51%, a R$ 3,7110. No mês, a desvalorização ficou em 8,10%.
“A moeda deve continuar oscilando ao redor dos R$ 3,70 muito provavelmente até o 1º trimestre de 2019, visto que a transição governamental está somente sendo iniciada”, avaliou o diretor da NGO Corretora, Sidnei Nehme.
“Para o dólar cair mais daqui para a frente, é preciso algo mais concreto, notícias de medidas”, diz o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo, para quem o término das eleições voltou a aproximar o exterior do mercado local.
Desde terça-feira (30), futuros ministros do presidente eleito têm anunciado algumas das medidas econômicas, como a fusão de ministérios.
Na terça, foi confirmado o superministério da Economia (fusão de Fazenda, Planejamento e Indústria, Comércio Exterior e Serviço), que dará superpoderes a Paulo Guedes. Outras junções foram ventiladas nesta quarta.
Houve ainda um otimismo com a sinalização de Bolsonaro com o apoio à reforma da Previdência de Michel Temer, que, contudo, continua enfrentando obstáculos no Congresso Nacional.
Nesta quarta-feira, a Bolsa brasileira subiu 0,61%, a 87.423 pontos.
No mês, o Ibovespa acumula ganho de 10,13%, em um comportamento descolado do exterior.
Em outubro, as Bolsas americanas registraram fortes movimentos de venda, tendência negativa que se espalhou também pelo mercado europeu.
O índice americano S&P 500, com queda acumulada de 6,94%, teve o pior desempenho mensal desde setembro 2011 e o pior outubro desde 2008. O índice Nasdaq recuou 9,20%.
A queda do dólar em outubro impactou diretamente os fundos cambiais. Eles perderam 9,24% até o dia 26, dado mais recente da Anbima (associação do mercado de capitais).
A captação desse tipo de fundo também diminuiu no período: a saída líquida foi de R$ 330,6 bilhões em outubro.
No ano, porém, tanto a rentabilidade (12,4%) quanto a captação (R$ 1,1 bilhão) continuam positivas.