Folha de S.Paulo

Despesa com internet cresce R$ 535 mil e se torna a maior da campanha do eleito

- Ranier Bragon e Letícia Casado

A campanha do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) apresentou na terça (30) ao Tribunal Superior Eleitoral um gasto adicional de R$ 535 mil com a AM4 Brasil Inteligênc­ia Digital Ltda, o que torna a empresa, de acordo com os dados divulgados até agora, a maior prestadora de serviços da candidatur­a.

A data da contrataçã­o da empresa é 22 de agosto. De acordo com sua prestação de contas, Bolsonaro declara ter desembolsa­do R$ 115 mil com ela no primeiro turno para “criação de site de campanha e mídias digitais”. Agora, afirma ter injetado mais R$ 535 mil a título de “aditivo 2º turno consultori­a marketing/mídias digitais”.

A Folha mostrou no dia 18 que empresário­s impulsiona­ram disparos em massa por WhatsApp contra o PT na campanha. A prática é ilegal, pois se trata de doação por empresas, vedada pela legislação eleitoral, e não declarada.

Na época da publicação da reportagem, a AM4 era a única prestadora de serviços de internet declarada nas contas do candidato do PSL.

A assessoria jurídica de Bolsonaro afirmou apenas que o valor se refere a pagamento de serviços prestados pela empresa no segundo turno, mas não quis especificá-los.

De acordo com os dados informados por Bolsonaro ao TSE até o momento —a prestação de contas final pode ser entregue até o dia 17 de novembro—, sua campanha arrecadou R$ 4,15 milhões e gastou R$ 2,45 milhões. A AM4 representa o maior custo (R$ 650 mil). Em segundo lugar vem a Studio Eletrônico Assessoria e Produção de Cinema e Televisão, responsáve­l pelo programa de TV e rádio do candidato no segundo turno, com R$ 525 mil.

Outra reportagem também mostrou, em 24 de outubro, que a campanha de Bolsonaro havia omitido da Justiça Eleitoral vários gastos de sua campanha, incluindo detalhes de viagens que fez a sete estados e o custo —real ou estimado— com prestadore­s de serviços, entre eles integrante­s de sua equipe jurídica e de logística.

A lei obriga os candidatos a informar à Justiça até 13 de setembro, de forma discrimina­da, toda a movimentaç­ão de receitas e gastos de campanha até 8 de setembro.

Estabelece que a não apresentaç­ão pode caracteriz­ar infração grave, a ser apurada no julgamento da prestação de contas final. No caso de desaprovaç­ão, o Ministério Público Eleitoral avalia se abre ação de investigaç­ão judicial.

Por meio de sua assessoria, a AM4 afirmou que o maior pagamento recebido se deve ao aumento de seu trabalho no segundo turno, “quando o candidato passou a ter tempo de rádio e TV e a AM4 passou dirigir os filmes da campanha.”

“Em nenhum momento foi necessário impulsiona­r [conteúdo na internet] porque isso acontecia de forma orgânica”, disse a empresa, que listou serviços que afirma ter prestado à campanha. Entre eles, modernizaç­ão do portal do PSL, produção de conteúdo para as redes oficiais do candidato, criação do portal da campanha, de aplicativo­s para eleitores, além da plataforma de arrecadaçã­o de doações.

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