Folha de S.Paulo

Seis passos para o paraíso

Caminho para o título do Palmeiras passa por uma vitória no Independên­cia

- Paulo Vinícius Coelho Jornalista, cobriu seis Copas do Mundo (1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018)

Luiz Felipe Scolari é técnico do Palmeiras há 25 jogos. Apenas quatro vezes deixou Dudu fora de jogos inteiros. Empatou com o América-MG e o Internacio­nal, fora de casa, ambos em 0 a 0, ganhou do Vasco no Allianz Parque e da Chapecoens­e, em Santa Catarina. Sem o craque do Brasileiro, o time fez três gols em quatro partidas e o aproveitam­ento caiu de 72% para 66%.

Sem Dudu e também sem Willian, só contra o América-MG e o Vasco. Não ter nenhum dos dois contra o Atlético-MG, no novo Independên­cia, onde o Palmeiras jamais venceu, indica a dificuldad­e do clássico deste domingo (11) e a impossibil­idade de afirmar que a equipe de Felipão já é campeã. Uma combinação de vitória atleticana com triunfo do Internacio­nal contra o Ceará, em Fortaleza, e o Brasileiro decidido voltará a ficar aberto.

Nunca o vice-campeão ultrapasso­u os 72 pontos, marca atingida pelo Grêmio de 2008 e pelo Atlético-MG de 2012. Como o Palmeiras tem 66 pontos, a história indica que precisa de mais sete para ser campeão. Mas o Internacio­nal, hoje com 61, tem enorme chance de somar 12, vencendo seus três jogos no Beira-Rio, e ganhando do Paraná, rebaixado antecipada­mente. Nesse caso, alcançará os 73 impossívei­s para os vice-campeões.

Felipão disse antes de enfrentar o Santos que ainda não dá para administra­r. Neste domingo, não é permitido perder.

Scarpa ganha ritmo, mas a sequência de lesões impede que seja o substituto ideal. Arthur é o único ponta veloz do elenco. Jogar sem Dudu e Willian é um enorme problema.

A prioridade palmeirens­e ainda não é pensar em reforços. No ano que vem, o desejo é contratar jogadores velozes, que compensem a saída de Keno, depois da Copa do Mundo, e também possam substituir os destaques da equipe.

Por enquanto, o pacto é ganhar o Brasileiro. Não se trata de prêmio de consolação. É o maior campeonato do país. Não dá para fazer com ele o que se fez com os estaduais, repetindo por 20 anos que não valem nada. O Brasileiro vale muito.

Não é só o que sobrou. Mas há uma pressão por impedir que o clube de maior investimen­to do país passe o vexame de ficar dois anos seguidos sem conquistar troféu nenhum. Esse risco ainda existirá se o Palmeiras não vencer ou empatar, no Independên­cia.

Sinais da Champions League A rodada da Champions League da última semana estreou Vinicius Júnior, recuperou Gabriel Jesus, afirmou Arthur, pôs Alisson em dúvida e Thiago Silva na berlinda. São cinco exemplos de brasileiro­s escalados neste meio de semana no maior torneio de clubes do planeta.

Foram 42 brasileiro­s jogando a Champions na última semana. E 25 alemães.

O país campeão mundial de 2014 tem quatro clubes na fase de grupos da Champions League e 17 jogadores escalados a menos. O Borussia Dortmund só escolheu Marco Reus, o Bayern escalou sete nascidos no país –Neuer, Kimmich, Boateng, Hummels, Thomas Muller, Goretzka e Gnabry– o Schalke quatro e o Hoffenheim três. Os outros 12 em times estrangeir­os, como Kroos, do Real Madrid, Marin, do Estrela Vermelha, Draxler, do Paris SaintGerma­in, ou o campeão mundial Howedes, perto do fim, no Lokomotiv.

A comparação Brasil-Alemanha indica como é rápido o acesso ou declínio no futebol atual. Há dez meses, apontava-se os alemães como símbolo da formação e utilização de grandes atletas. O ponto de referência atual é a França. Pois foram 27 franceses na rodada da Champions.

Mbappé foi o único francês titular no internacio­nal elenco do Paris Saint-Germain.

Brasileiro­s: 42! É 10% do total de jogadores em campo na Champions. Mais do que os nascidos nos dois últimos países campeões do mundo.

É absurdo ter mais jogadores brasileiro­s do que alemães e franceses numa rodada da Champions League e ter de lamentar o nível técnico do Campeonato Brasileiro, com a menor média de gols desde 1990.

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