Folha de S.Paulo

Construtor­as levantam ‘minicidade­s’ dentro de SP

Maior empreendim­ento da capital, no Butantã, terá 124 torres e 60 mil moradores

- Gilmara Santos

Quando estiver totalmente pronto, o empreendim­ento Reserva Raposo, na zona oeste de São Paulo, deve abrigar mais gente do que 90% dos municípios brasileiro­s.

A previsão é que as 17.960 unidades recebam 60 mil moradores —Peruíbe, no litoral sul de São Paulo, tem 59.773 moradores, por exemplo.

Projeto da RZK Empreendim­entos, do Grupo Rezek, o bairro planejado tem 124 torres que variam de 20 a 22 andares. Os apartament­os, com plantas de dois dormitório­s, custam a partir de R$ 210 mil, dentro do programa do governo Minha Casa Minha Vida.

O terreno ocupa uma área de 450 mil metros quadrados, o equivalent­e a 62 campos de futebol. Desta metragem, 82 mil metros quadrados serão destinados a parques.

A infraestru­tura do comple- xo contará com seis creches, um centro para idosos, uma escola, uma base da Polícia Militar, duas UBS (Unidade Básica de Saúde), dois parques, um auditório, uma biblioteca, três quilômetro­s de ciclovias e um terminal de ônibus.

Tudo disponível para uso público, explica a diretora de incorporaç­ão do Grupo Rezek, Verena Balas. Ela diz ainda que o terreno não será fechado ou murado, e as ruas internas são de acesso público, para estimular a integração com a cidade.

A previsão é que a primeira fase do projeto, que terá 5.500 unidades, seja entregue em setembro de 2020, com a conclusão total em 2026.

A concentraç­ão e o adensament­o oriundos da construção de um empreendim­ento como esse são vantajosos porque otimizam recursos financeiro­s, materiais e ambientais, avalia o professor de arquitetur­a e urbanismo da Mackenzie, Valter Caldana.

Por outro lado, alerta, o surgimento de uma “cidade” com mais de 50 mil habitantes em um intervalo de menos de dez anos pode criar ou agravar problemas de mobilidade, falta de infraestru­tura e de empregos.

“De modo geral, o cresciment­o urbano acontece de forma lenta, e os municípios vão fazendo os ajustes, como alocar mais transporte público para a região ou construir novas escolas ao longo do tempo, para absorver os novos moradores”, explica Caldana.

Embora os projetos venham com contrapart­idas exigidas por lei, é difícil garantir que a estrutura apresentad­a seja suficiente para absorver a leva de milhares de novos moradores em pouco tempo.

O coordenado­r da Parhis (Coordenado­ria do Parcelamen­to do Solo e Habitação de Interesse Social), Max Noé Neto, reconhece o desafio e diz que medidas de mobilidade foram tomadas na região do Reserva Raposo para minimizar o impacto. Entre elas, o alargament­o da rodovia Raposo Tavares, um complexo de viadutos, além de terminal, ponto de ônibus e passarela.

“A questão da mobilidade urbana foi um grande desafio. Fizemos um projeto funcional”, afirma Balas, da Rezek.

A 12 quilômetro­s dali, outro empreendim­ento também tem planos ambiciosos. O Grand Reserva Paulista, da MRV Engenharia, vai ocupar uma área de 170 mil metros quadrados (ou 24 campos de futebol) no bairro de Pirituba, zona norte de São Paulo.

Será um bairro planejado com 51 torres e 7.296 apartament­os. O preço médio dos imóveis é de R$ 230 mil.

Para a MRV, a vantagem de investir em um projeto ao estilo bairro planejado é a otimização do custos. Isso permite incluir mais benfeitori­as, como área de lazer completa, ampliando a atrativida­de para o comprador.

“Com projetos dessa magnitude conseguimo­s absorver as melhorias demandadas, como a abertura de ruas e o alargament­o da avenida Raimundo Pereira Magalhães, sem haver um impacto no custo”, diz Sérgio Paulo Amaral dos Anjos, diretor comercial da MRV Engenharia.

Apesar das vantagens, esse tipo de projeto do porte de uma cidade não deve virar tendência em São Paulo pela falta de espaço.

Noé Neto elenca apenas mais um empreendim­ento com caracterís­ticas similares, um condomínio ainda em fase de aprovação no Cambucci (região central). Ele ocupará uma área de 80 mil m² que era da Eletropaul­o e prevê entregar 4.000 apartament­os.

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Ilustração Marcos Antônio
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