Folha de S.Paulo

Dona Raimunda Quebradeir­a de Coco, líder feminina do TO

- Paulo Gomes coluna.obituario@grupofolha.com.br

Após anos de maus tratos, Raimunda foi abandonada pelo marido com seis filhos para criar, no interior do Maranhão. Decidiu então levar as crianças para São Miguel do Tocantins, ao sul.

A vida na nova terra teria que ser construída desde o começo. Foi então morar junto do pessoal que estava acampado na terra dos fazendeiro­s. Dormia em barraquinh­o de palha. De lona. Quebrava coco como modo de subsistênc­ia e fazia trabalho de leitura bíblica para a comunidade.

Ganhou confiança, começou a enxergar o modo de organizaçã­o coletiva e, quando se viu, ela já era uma força motriz. “Eu costumava ver o sofrimento das mulheres pobres e iletradas: solteiras e casadas, seus filhos e filhas, crianças abandonada­s pelo pai”, disse certa vez. No assentamen­to Sete Barracas, deu início ao sindicato da região que representa a luta das mulheres extrativis­tas do coco babaçu.

Em 1991, foi uma das fundadoras do movimento interestad­ual das quebradeir­as. Foi ainda a responsáve­l pela Secretaria da Mulher Trabalhado­ra Rural Extrativis­ta do Conselho Nacional dos Seringueir­os (CNS). Em 2005, foi uma das mil mulheres do mundo indicadas coletivame­nte ao Nobel da Paz.

Faladeira e alegre, não deixava as dificuldad­es se transforma­rem em empecilhos — estava sempre transmitin­do força.

Há dois meses, o Movimento Interestad­ual das Quebradeir­as de Coco Babaçu (MIQCB), que atua nos estados do Pará, Maranhão, Piauí e Tocantins, perdeu uma de suas fundadoras no Maranhão, Dona Dijé. Fundadora no Tocantins, Dona Raimunda morreu na quarta (7), aos 78.

Diferentem­ente do que possa parecer, a morte da liderança não enfraquece o movimento. “Ela ensinou a gente a lutar. Hoje tem várias pessoas assentadas, mulheres capacitada­s, que se conscienti­zam, participam de reuniões, aprendem a se articular”, diz a amiga Luzanira, uma dessas mulheres. São muitas as donas Raimundas que ficam. Deixa ainda o companheir­o Antonio Cipriano, cinco filhos, netos e bisnetos.

7º DIA

MARIA FELICIDADE ROCHA MENDES Nesta terça (13) às 18h30, Igreja São Gabriel, av. São Gabriel, 108, Jardim Paulista

7º DIA

MARIA DE LOURDES BARROS PRESTES BARRA Nesta terça (13) às 18h, Igreja N. Sra. da Esperança, av. dos Eucaliptos, 566, Moema

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