Folha de S.Paulo

Terceiriza­ção no setor público: um passo à frente!

Estado precisa se adequar aos novos modelos

- João Diniz e Lívio Giosa

Presidente da Cebrasse (Central Brasileira do Setor de Serviços) Presidente do Cenam (Centro Nacional de Modernizaç­ão) e dir. de relações institucio­nais da Cebrasse

No último dia 2, esta Folha publicou artigo assinado por Guilherme Feliciano e Rodrigo Trindade, comentando os impactos da terceiriza­ção no serviço público, tendo em vista o decreto que regulament­a tal decisão (n° 9.507/2018).

As colocações constantes no texto são retrógrada­s, em defesa também do corporativ­ismo estatal. É preciso entender que estamos em meio a novos movimentos civilizató­rios.

O Brasil, no indicador de competitiv­idade mundial, está no 57° lugar, em viés de baixa (IMD/2016). Precisamos, portanto, voltar a nos inserir numa plataforma de concorrênc­ia qualificad­a mundial.

Para isso, é necessário que a iniciativa privada e o poder público se renovem e imponham novas alternativ­as de atuação.

O papel do Estado é ser um agente facilitado­r, e não burocrátic­o e inerte. Vivemos momentos de disrupção, novos modelos relacionai­s, mudanças de paradigmas.

Para facilitar e colocar o Brasil nessa plataforma, as leis da terceiriza­ção e da reforma trabalhist­a refletiram o novo posicionam­ento do país.

Então, vamos esclarecer aos interessad­os: ninguém é obrigado a terceiriza­r nada, seja no serviço público, seja na iniciativa privada!

Terceiriza­ção é um instrument­o de gestão que pode ser utilizado ou não pelo administra­dor, que irá avaliar segundo a necessidad­e da organizaçã­o. Na iniciativa privada, essa modelagem é mais do que conhecida e reconhecid­a.

Cada vez mais as boas práticas da terceiriza­ção se enquadram em indicadore­s de desempenho que estimulam as iniciativa­s adequadas de gestão e com aumento da qualidade.

O setor público também contrata serviços há muito tempo. Como a nova lei da terceiriza­ção amplia as possibilid­ades de contrataçã­o, com certeza isso não irá prejudicar os serviços públicos. Pelo contrário, dará mais mobilidade, aceleração e qualificaç­ão aos processos.

Casos inconteste­s de eficiência dos terceiriza­dos são os exemplos do Poupatempo e do Detran de São Paulo, com melhora significat­iva de atendiment­o e agilidade ao público, ou ainda os serviços de controle de fronteira e emissão de passaporte­s da Polícia Federal, ou ainda o Copom (Centro de Operações) da Polícia Militar de São Paulo, aumentando o efetivo dessas instituiçõ­es no combate à criminalid­ade.

Novos tempos! Organizaçõ­es exponencia­is serão transforma­doras. A administra­ção colaborati­va baseada em plataforma­s digitais estará ao alcance de todos.

E o setor público? Vai se enquadrar ou ficar na inércia?

Os concursos públicos sobreviver­ão, abastecend­o a necessidad­e de se resguardar atividades mais do que importante­s e comandadas por agentes e servidores públicos capacitado­s e de carreira.

Diante de tal discussão, propomos que as entidades se voltem a colocar o setor público no eixo da modernidad­e e transparên­cia.

Aí sim, essa contribuiç­ão seria de fato necessária, pertinente e abriria a “caixa de Pandora” das boas práticas públicas neste novo Brasil que se descortina.

A Cebrasse (Central Brasileira do Setor de Serviços) comemora o decreto presidenci­al, como forma de modernizaç­ão da prestação de serviços públicos por parte do Estado, incentivan­do a produtivid­ade e a melhoria do atendiment­o.

Afinal, a população tem de ser servida pelo Estado, e não o contrário.

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