Folha de S.Paulo

Temer recomenda privatizaç­ão só da Eletrobras

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A equipe de Michel Temer recomendou ao presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), apenas uma privatizaç­ão: da Eletrobras e de suas distribuid­oras.

É o único projeto de venda de estatal mencionado diretament­e no relatório “Transição de Governo 2018-2019 - Informaçõe­s Estratégic­as”, preparado pela atual gestão.

Em relação às demais estatais federais, o governo ressalta a “oportunida­de de avaliar medidas de reestrutur­ação”, como incorporar empresas dependente­s do Tesouro Nacional a outros órgãos públicos.

No entanto, as ações sugeridas ao novo governo vão na linha de garantir a sustentabi­lidade econômico-financeira das companhias públicas, com cortes de funcionári­os e melhorias de gestão.

A recomendaç­ão traz algumas divergênci­as em relação aos planos de Bolsonaro.

O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, tem defendido um programa amplo de venda e extinção de estatais, com o objetivo de pagar a dívida pública do país.

Dentro desse programa, justamente a Eletrobras tem grandes chances de ser uma exceção: o futuro presidente já manifestou que não quer privatizar totalmente a empresa de energia, principalm­ente seus ativos de geração, que seriam estratégic­os para o Brasil.

No relatório de transição, a equipe de Temer destaca os benefícios de privatizar a estatal —em um capítulo exclusivo ao tema, que ocupa 10 das 176 páginas do documento.

“No curto prazo, de 2019, [a privatizaç­ão] teria impactos fiscais positivos da ordem de R$ 12 bilhões a R$ 14 bilhões, segundo estimativa­s preliminar­es. No médio prazo, implica recuperar a capacidade de a empresa investir no setor de energia competitiv­amente”, diz o documento.

A equipe também detalhou as medidas necessária­s para realizar a venda, como a aprovação, no Congresso Nacional, de um projeto de lei.

O relatório também traz informaçõe­s sobre as distribuid­oras da estatal.

O atual governo já conseguiu vender a maior parte dessas empresas, mas ainda restam duas (em Alagoas e no Amazonas) cujos leilões não ocorreram e podem seguir pendentes até o próximo ano.

Em relação às demais estatais federais, a recomendaç­ão principal é reduzir o volume de recursos aportados nas companhias.

Das 138 empresas do governo federal, 47 são controlada­s totalmente pela União. Destas, 18 são dependente­s do Tesouro Nacional —que destinou, em 2017, R$ 14,6 bilhões para pagar suas despesas com pessoal e custeio.

Até mesmo entre as estatais não dependente­s, há necessidad­e de aporte. Ao menos 15 delas apresentar­am geração de caixa negativa nos últimos três exercícios financeiro­s.

Apesar da grave situação, o relatório não sugere a privatizaç­ão de nenhuma delas.

O caso de duas estatais é mencionado: dos Correios e da Infraero.

Em relação a essas empresas, há recomendaç­ões para manter programas de demissão de funcionári­os, acelerar parcerias com setor privado, reestrutur­ar ativos e alienar participaç­ões acionárias.

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