Bolsonaro já falou em mandar cubanos embora com ‘canetada’
Jair Bolsonaro (PSL) havia prometido em vídeos antes de ser eleito dar uma “canetada” e usar a revalidação de diploma de médicos para “mandar todos esses cubanos de volta para lá”. As afirmações se opõem ao seu próprio discurso após o fim da parceria anunciada por Cuba.
Em vídeo gravado antes de ser eleito, dirigido a estudantes de medicina, Bolsonaro já previa a saída dos médicos. “Ao pavilhão med PUC Camp, Jair Bolsonaro, tamo junto. Em 2019, ao lado de vocês, dar uma canetada mandando 14 mil médicos [faz sinal de aspas com os dedos] lá para Cuba. Quem sabe ocupando Guantánamo que está sendo desativada para atender os petistas que vão para lá, tá ok?”.
Em outro, diz que irá recorrer à revalidação de diploma: “Podem ter certeza, a gente vai mandar todos esses cubanos de volta para lá. Sabe como? Revalida light”, diz.
No Twitter, após o anúncio cubano, Bolsonaro disse que: “Condicionamos a continuidade do programa Mais Médicos à aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinados à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou”.
“Além de explorar seus cidadãos ao não pagar integralmente os salários dos profissionais, a ditadura cubana demonstra grande irresponsabilidade ao desconsiderar os impactos negativos na vida e na saúde dos brasileiros e na integridade dos cubanos”, acrescentou, mais tarde.
Diferentemente do que acontece com os médicos brasileiros e de outras nacionalidades, os cubanos do Mais Médicos recebem parte da bolsa paga pelo Brasil. No caso dos cubanos, o acordo era firmado com a Opas (Organização Panamericana de Saúde), e não com cada médico.
Pelo contrato, o governo brasileiro paga à Opas o valor integral do salário, que, por sua vez, repassa a quantia ao governo cubano. Havana paga uma parte aos médicos (cerca de um quarto), e retém o restante.