Críquete ajuda imigrantes no norte francês
Os jogadores explodiram de alegria para celebrar sua segunda vitória em um torneio regional de críquete. A cena teria parecido familiar em certas áreas do Afeganistão e do Paquistão, mas é muito menos comum no norte da França.
O Saint-Omer Cricket Club Stars, ou SOCCS, havia acabado de vencer um torneio jogando em sua casa, um novo campo de críquete ao lado de um pasto. Para o capitão, Javed Ahmadzai, porém, o triunfo mais doce era outro.
“A melhor vitória acontece fora de campo”, disse o pedreiro Ahmadzai, 32, que chegou à França em 2005. “Quando ensinamos críquete às crianças nas escolas e elas pedem que o treino dure mais, ou dizem aos seus pais que os imigrantes não são tão malvados.”
Dar vida ao críquete em Saint-Omer vai além do esporte, para Ahmadzai e seus colegas. É oportunidade de serem parte da comunidade, de serem vistos como campeões locais e não só como estrangeiros.
Eles estudam, trabalham ou buscam empregos e, no caso de alguns jogadores do SOCCS, esperam que o esporte os ajude a se estabelecer na cidade de 16 mil moradores. Saint-Omer tem mais de 5.600 refugiados em seus campos, desde 2015, a maior parte deles em um centro para refugiados menores de idade.
“Sempre que jovens afegãos chegam a Saint-Omer, uma das primeiras coisas que perguntamos é se sabem jogar críquete”, disse Jean-François Roger, diretor de uma organização que ajuda refugiados.
“O SOCCS lhes dá estrutura. Ajuda-os a ir adiante e a construir alguma coisa aqui.”
A França não é conhecida pelo críquete, esporte jogado principalmente em países do antigo império britânico.
A modalidade não tem lugar importante no país, com cerca de 18 mil jogadores registrados em 50 clubes, ante cerca de 2,2 milhões de jogadores de futebol federados. Mas, com o influxo de imigrantes do Afeganistão, o número de times de críquete no norte da França cresceu de dois para nove.