Folha de S.Paulo

Hábil negociador, criou o hino do Avaí e lutou pelo clube

FERNANDO JOSÉ CALDEIRA BASTOS (1932-2018)

- Paulo Gomes

SÃO PAULO Na ilha formosa e cheia de graça, nasceu, já campeão, o time da raça. Nove anos depois, foi a vez de nascer o autor desses versos.

Fernando Bastos tinha em si o dom da palavra. O hino do Avaí Futebol Clube surgiu em uma de suas gestões à frente da agremiação de Florianópo­lis. Rabiscou umas palavras e levou para o amigo Luiz Henrique Rosa, músico, que aprovou a letra —a canção, nem tanto. Rosa fez uma nova melodia, e após ajustes, nasceu o hino do Leão da Ilha.

Articulado e articulado­r, Bastos era, em si, uma figura política. Formou-se em direito e foi assessor do governador catarinens­e quando jovem. Seria ainda deputado estadual e federal —atuou nos bastidores para que José Sarney fosse o presidente após a morte de Tancredo.

A habilidade conciliató­ria pode ser mensurada em dois episódios de sua passagem na presidênci­a da Eletrosul. Quando entrou, não houve greve no setor, como acontecia em todos os anos àquela época. “Sentou com as partes envolvidas e chegaram a um acordo”, lembra o filho, Fernando. Ao sair do cargo, foi homenagead­o — inclusive pelos combativos sindicalis­tas.

Pelo Avaí, mais do que o hino e também a conquista de um estádio, Bastos alavancou o futebol após jejum de títulos. Numa época em que os times da capital eram fregueses dos rivais do interior, fechou acordo com o Flamengo, trouxe jogadores que não eram aproveitad­os por lá e ganhou o catarinens­e de 1973.

Morreu em 26 de outubro, aos 85, após uma parada cardiorres­piratória. Deixa os filhos Irene Maria, Marita, Ana Carolina, Fernando e Luciana, 11 netos, bisnetos e quatro irmãos. Fernando Bastos, “tu já nasceste campeão”.

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