Folha de S.Paulo

Novo livro desmistifi­ca 80 questões cabeludas

A razão de os planetas terem forma redonda e de os cachorros nadarem desde pequenos são algumas delas

- Gabriel Alves

SÃO PAULO Por que os planetas são redondos? Como as minhocas cavam a terra se elas são tão moles? Por que cachorros nadam desde pequenos e a gente não?

“Quando somos pequenos, as questões são simples, com respostas às vezes óbvias: ‘Por que fazemos cocô? Por que eu preciso escovar os dentes? [...] O problema é que, conforme crescemos, as dúvidas vão ficando cada vez mais complicada­s, até chegar a um ponto em que os adultos já não têm mais a resposta”, escrevem Iberê Thenório e Mariana Fulfaro na apresentaç­ão do segundo livro do Manual do Mundo, intitulado “Dúvida Cruel 80 respostas para as perguntas mais cabeludas”, que acaba de ser lançado.

As perguntas vieram do público que acompanha o trabalho de Fulfaro e Thenório, que tocam o projeto desde 2008. O canal no YouTube conta com 11 milhões de inscritos e é o maior de ciência e tecnologia em língua portuguesa na plataforma, segundo o Guinness.

Foram selecionad­as as melhores questões e, para respondê-las, o casal mergulhou em livros, reportagen­s e artigos científico­s. Uma das favoritas de Fulfaro é esta: como a cobra anda, se ela não tem pernas?

O livro resume bem como o movimento acontece. Elas podem se locomover em linha reta, em “S”, ou ainda em zigue-zague, movimento usado, por exemplo, para se deslocar sobre a areia.

“Nesse caso [zigue-zague], além de contorcion­ista, a cobra vira uma acrobata: usando o pescoço e a cauda como apoio, ela arremessa o corpo na lateral. Parece bizarro, mas esse é o método mais rápido que ela tem de se mover. Dá para chegar a quase 30 quilômetro­s por hora!”, escrevem.

Há algumas questões particular­mente difíceis de discutir, como o tempo que leva para uma pessoa morrer de fome ou por que alguns insetos procuram lâmpadas à noite. Nem sempre há uma resposta única e fácil —e o livro é honesto ao tratar dos assuntos mais controvers­os.

Apesar do forte apelo científico, o negócio ao qual ela e o marido se dedicam, explica Fulfaro, na verdade é de “entretenim­ento educativo”, ou seja, de entreter usando como pano de fundo elementos de biologia, engenharia, química etc.

“Não é um canal de educação formal; quem tem formação específica sabe muito mais do que a gente. O que fazemos é pegar um conceito divertido e, a partir dele, trazer uma pitadinha de conhecimen­to. As pessoas acabam aprendendo sem perceber.”

Para o futuro, diz Fulfaro, a expectativ­a é escrever mais livros baseados nas categorias do Manual do Mundo, como mágicas, sobrevivên­cia e brinquedos, formando aos poucos uma pequena coleção.

Depois de um pequeno atraso no cronograma de publicação graças ao nascimento da primeira filha e à gravidez atualmente em curso, Thenório e Fulfaro estão em processo acelerado: o terceiro livro (que está “50% pronto”, diz Fulfaro) deve ser de receitas, visando explorar o lado científico da culinária e de seus preparos —é uma das categorias de vídeos que mais fazem sucesso, diz ela.

“Nosso grande objetivo é instigar, colocar uma sementinha de curiosidad­e nelas. Se a gente conseguir, a gente muda as coisas lá na frente. Dentro de alguns anos, essas pessoas podem passar a olhar a ciência de um jeito diferente, perceber que ela está em tudo.

Dúvida Cruel

Autores: Iberê Thenório e Mariana Fulfaro. Ed. Sextante. R$ 39,90 (208 págs.)

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