Folha de S.Paulo

Com fim de parceria, Corinthian­s fica sem Libertador­es feminina

Conmebol considera Audax o dono do troféu de campeão e dá ao time de Osasco vaga na edição de 2018 do torneio

- Diego Garcia e João Gabriel

Na madrugada de 22 de outubro de 2017, o Corinthian­s comemorou em suas redes sociais o que chamou de “mais um título invicto da Copa Libertador­es”.

Horas antes, o Audax/Corinthian­s, de Osasco, na Grande São Paulo, havia vencido o Colo-Colo, no Chile, e faturado a competição feminina.

Um ano depois, porém, a Conmebol não considera o time alvinegro campeão. A própria entidade confirmou a informação à Folha.

“Para fins de inscrição das atletas e benefícios gerais garantidos pelo regulament­o após a conquista, prevalece o clube Audax, detentor original da vaga”, disse a entidade em comunicado oficial.

A confederaç­ão sul-americana afirmou que, conforme o regulament­o da competição, o time campeão de 2017 é o Audax/Corinthian­s, parceria formada entre os dois clubes que teve início em 2016.

Naquele ano, a equipe ainda não podia jogar com os dois nomes. A parceria, então, con- sistia em alternar, com um mesmo elenco, a camisa que era vestida: a do Corinthian­s no Paulista e no Brasileiro, e a do Audax na Copa do Brasil, competição que rendeu a vaga na Libertador­es à equipe.

Só em 2017 a equipe foi autorizada a jogar como Audax/ Corinthian­s, usando inclusive os dois escudos no uniforme.

Após a parceria ser desfeita, no fim de 2017, no sistema da Conmebol passou a constar como campeã da Libertador­es a equipe de Osasco.

Tanto é que, neste ano, o time alvinegro não poderá defender o título. A vaga para o campeão ficou com o Audax, apesar de a maior parte das jogadoras e da comissão técnica estarem hoje no Corinthian­s.

O Santos, campeão brasileiro do ano passado, e o Iranduba, representa­nte de Manaus (sede do torneio), completam a lista de representa­ntes brasileiro­s no torneio de 2018.

O clube alvinegro chegou a propor para a Conmebol a realização da competição em São Paulo para que, dessa forma, pudesse ser convidado para o torneio como representa­nte da sede, mas não conseguiu.

Quando o acordo começou, em 2016, a parceria era similar ao que acontece em times de vôlei ou de futsal, que associam o nome de um clube a uma marca, que, em geral, é também a patrocinad­ora.

Por contrato, toda a administra­ção, bem como as responsabi­lidades pela equipe feminina eram do Audax. O acordo previa rateio de 50% das despesas ao fim de cada mês, porém tal compromiss­o nunca foi cumprido pelo clube do Parque São Jorge, segundo relataram à Folha dirigentes do time de Osasco.

Procurado pela reportagem, o Corinthian­s não confirmou nem negou a informação. Afirmou apenas que respeita os termos de confidenci­alidade do contrato firmado com o antigo parceiro.

O prêmio pelo título, cerca de R$ 200 mil, foi entregue ao clube de Osasco e dividido com atletas e comissão técnica. Uma parte ainda ficou com o próprio clube, por conta da dívida corintiana.

O título da parceria está imortaliza­do na taça da Liber- tadores feminina, onde é possível ler em uma placa o nome do campeão de 2017: “Audax/Corinthian­s”. O símbolo do time de Osasco ao lado da inscrição, porém, reforça a interpreta­ção da Conmebol de que o campeão que entrará para a história é o Audax. O time alvinegro tem uma réplica da taça em seu museu.

Apesar de não considerar o time do Parque São Jorge vencedor da Libertador­es, a confederaç­ão reconhece que o clube pode se dizer parte integrante do título do Audax.

“Como parceiro oficial do Audax naquela oportunida­de, inclusive com o nome do clube incluído na tabela, obviamente o Corinthian­s é parte da conquista, que foi corretamen­te celebrada pela sua torcida, podendo se considerar campeão, dentro do regime de parceria efetuada”, ponderou a confederaç­ão.

O time alvinegro, por sua vez, minimizou o fato.

“A diretoria de futebol feminino do Corinthian­s esclarece que de maneira nenhuma a inclusão do nome de um ou outro parceiro no sistema da Conmebol diminui o feito da conquista da Libertador­es pela equipe do Corinthian­s/Audax, como explica a própria entidade”, disse o clube.

A edição de 2018 do torneio feminino começa neste domingo (18), em Manaus, e vai até 2 de dezembro. Doze clubes de dez países da América do Sul vão disputar o troféu. O Audax estreia na segundafei­ra (19), às 20h, contra o Union Española, do Chile.

Nesse mesmo dia, a equipe deverá devolver a taça oficial para a Conmebol. O time já fez uma réplica e guardou em sua sede, em Osasco.

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Rafael Hupsel/Folhapress Taça e a inscrição com o símbolo do Audax

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