Folha de S.Paulo

Grammy Latino coroa cresciment­o do reggaeton e outros gêneros da região

Romântico Jorge Drexler desbanca favorito J Balvin; Anitta fica sem troféu e Chico Buarque ganha dois

- Isabella Menon A jornalista viajou a convite do YouTube

Pelas redes sociais, Anitta declarava seu amor ao amigo Llane do grupo Piso 21 enquanto filmava sua apresentaç­ão em uma festa promovida pelo YouTubeMus­ic num hotel de Las Vegas, na madrugada de quinta (15).

“Que lindo!”, gritava a cantora no Instagram, às vésperas do Grammy Latino, no qual ela concorreu a dois prêmios e apresentou uma das categorias, mas não ganhou nada.

Já Chico Buarque venceu em duas das quatro categorias para que foi indicado. Levou por melhor álbum de música popular brasileira, com “Caravanas”, e melhor canção em português, “As Caravanas”.

Na mesma noite, antes de subir ao palco para um pocket show, Anitta —que teve 1,7 bilhão de visualizaç­ões no YouTube neste ano— desceu do camarote da balada para posar no tapete vermelho com um prêmio da plataforma de vídeos que celebra os 10 milhões de inscritos em seu canal —o momento foi compartilh­ado nas redes com poses, caras e bocas.

Anitta entrou para a lista dos cem artistas mais ouvidos mundialmen­te no YouTube em 2018. O ano foi de grandes conquistas não só para a cantora, que tenta se firmar no mercado internacio­nal, mas para a música latina.

Na cerimônia do Grammy Latino, comemorou-se o fato de a música da região ter se espalhado ainda mais.

Segundo o YouTube, os três artistas mais ouvidos neste ano são latinos. Em primeiro lugar está o porto-riquenho Ozuna, com 20 milhões de inscritos em seu canal na plataforma. Ele é seguido do colombiano J Balvin, com 18 milhões, e Bad Bunny, também de Porto Rico, com 13 milhões —todos eles indicados ao Grammy Latino em 2018.

Há dois anos, os dez vídeos mais vistos no YouTube eram de artistas americanos. No ano seguinte, o cenário mudou, e cinco dos dez clipes mais tocados foram de origem latina, com “Despacito”, de Luis Fonsi, em primeiro lugar, e “Mi Gente”, de J Balvin, em terceiro.

Neste ano, o número cresceu e oito dos dez clipes mais tocados são de latinos. O mais visto até novembro de 2018 foi “Te Bote”, parceria de J Balvin, Ozuna e Nicky Jam.

“Em 2016, houve um despertar dos cantores jovens latinos; 2017 foi o ano em que a música deles tomou o mundo como uma tempestade e, em 2018, estão revolucion­ando o YouTube globalment­e e redefinind­o o mainstream”, disse Sandra Jimenez, responsáve­l pela área de música da plataforma de vídeos que até o fi- nal do ano lança seu serviço de streaming no Brasil.

Redefiniçã­o do mainstream, aliás, parece ser a expressão do momento para os músicos latinos. De cabelos tingidos de verde e uma corrente no pescoço, o colombiano J Balvin, que era o favorito do Grammy, com oito indicações, disse a jornalista­s antes da entrega do prêmio que “não se pode cair na monotonia”.

Balvin tem no currículo hits como “Mi Gente”, na qual canta que “sua música não discrimina ninguém” e que tem participaç­ão de Beyoncé e Willy William. Ele afirmou ainda que parcerias de artistas americanos com latinos tendem a crescer cada vez mais.

Sobre suas oito nomeações ao Grammy, ele, que costuma dizer que não se considera famoso, não pareceu surpreso. “Acho que tudo é causa e consequênc­ia do meu trabalho.”

Apesar de ter mais indicações, ele só levou um prêmio, o de melhor álbum urbano por “Vibras”. Foi desbancado pelo uruguaio Jorge Drexler, que recebeu três gramofones na 19ª edição da cerimônia.

Cantor pop de vibe romântica, Drexler, 54, ficou conhecido no mundo todo em 2004 com a música “Al Otro Lado del Río”, que lhe rendeu um Oscar de melhor canção original em “Diários de Motociclet­a”, filme de Walter Salles.

Não foi só no YouTube que o cresciment­o do reggaeton e do pop latino foram percebidos. Se em 2016 o Grammy Latino nomeou um ou outro artista dos gêneros, em 2017 “Despacito”, de Luis Fonsi, sozinho, venceu quatro prêmios. O hit não só recolocou o reggaeton no topo das paradas como também abriu as portas para novos gêneros latinos.

É o caso da cantora espanhola Rosalía, descrita pelo New York Times como “a pop star que está levando o flamenco para novas gerações”. Aos 25 anos e indicada a cinco prêmios, ela foi a mulher com o maior número de nomeações. Venceu duas: melhor interpreta­ção urbana e melhor canção alternativ­a, ambas pela música “Malamente”.

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Mario Anzuoni/Reuters O colombiano J Balvin se apresenta na festa da premiação de Las Vegas

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