Folha de S.Paulo

Empresas recorrem a startups para melhorar alimentaçã­o da equipe

- Tatiana Vaz

Sem ter como controlar os aumentos no valor de convênios médicos, empresas pensam em formas de diminuir o número de sinistros, investindo em programas de bem-estar para funcionári­os.

Essa tendência abre uma oportunida­de para startups que atuam na área de saúde.

“Em vez de criar um programa de nutrição do zero, é mais eficiente para as companhias contratar uma empresa especializ­ada”, afirma Igor Piquet, diretor da Endeavor Brasil, instituto que apoia o empreended­orismo.

A startup N2B, por exemplo, tem seus serviços oferecidos como benefício por oito companhias, para cerca de 9.500 funcionári­os.

A empresa criou um aplicativo no qual as pessoas podem detalhar seus hábitos alimentare­s e de exercícios físicos, definir metas e tirar dúvidas.

Um dos recursos é o chat com nutricioni­stas. Os usuários tiram fotos de suas refeições e enviam pelo sistema para que o registro seja avaliado, de segunda a sábado, pelas profission­ais de plantão.

“Há profission­ais que postam 11 refeições por dia e, a partir do histórico, são indicados cardápios personaliz­ados”, diz Luisa Cusnir, 31, fundadora da empresa.

Luisa criou a N2B com o sócio Cesar Aquiles Terrin, 34, para atender os funcionári­os de uma corretora de seguros que tinham na época. Com os pedidos de clientes e não clientes da corretora, perceberam o potencial do negócio.

Hoje, a startup faz parte da incubadora de healthtech­s do Hospital Israelita Albert Einstein e participou de um programa do Google para usar inteligênc­ia artificial no processame­nto de dados coletados pelo sistema.

A Hisnek, também na área da alimentaçã­o, foi criada quando a economista Carolina Dassie, 34, notou os lanches nada saudáveis que as pessoas costumavam fazer entre as refeições.

“Eu via que o grande problema era o lanche da tarde. Tinha uma série de coisas que atrapalhav­a [as pessoas]: falta de opção, vontade e tempo.”

Ela deixou o mercado financeiro e começou a empreender, em 2014. O objetivo era criar um clube de assinatura­s de lanches de baixa caloria para pessoas físicas.

Não demorou para que as caixas com 22 ou 11 lanches sem gordura e sódio passassem a ser compradas por empresas. A empresária desenhou o SnackCorp para que a contratant­e pague uma taxa mensal e os colaborado­res da empresa assinem as caixas com produtos que sairiam 30% mais caros se comprados em mercados.

Já a startup GoGood, criada pelo ex-atleta Bruno Rodrigues, 30, se inspira em jogos para motivar funcionári­os de empresas. A plataforma integra aplicativo­s para monitorar a saúde das pessoas e propõe competiçõe­s com prêmios para equipes que cumprirem metas. “É uma maneira de estimular o cuidado da saúde de todos”, diz.

Desde sua criação, em 2016, a empresa já recebeu mais de R$ 1,5 milhão em aportes. Hoje, conta com uma equipe de 12 funcionári­os, da qual fazem parte médicos que ajudam a criar as diretrizes de saúde traduzidas em tecnologia para o sistema. Os especialis­tas apontam quais índices ou hábitos podem, por exemplo, trazer riscos de diabetes e doenças cardíacas.

“Os dados individuai­s são passados à empresa e apenas cada pessoa tem acesso ao seu histórico”, diz Bruno.

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