Folha de S.Paulo

Fitness investe em aula remota e alternativ­as à musculação

Tecnologia é o caminho encontrado por pequenos que buscam destaque em um mercado dominado por redes

- Danylo Martins

A área de condiciona­mento físico é apontada pelo Sebrae como uma das mais promissora­s para negócios novos.

Para se dar bem nesse mercado do corpo e buscar destaque entre as grandes redes, pequenas academias apostam em inovação e tecnologia.

O administra­dor de empresas Felipe Barth Castro, 38, abriu no ano passado, em São Paulo, a primeira unidade da TecFit no Brasil, com a promessa de oferecer condiciona­mento físico a partir da tecnologia de eletroesti­mulação muscular, graças a uma máquina produzida na Hungria. Trata-se de uma academia sem halteres ou outros equipament­os tradiciona­is de musculação.

“A ideia é atrair pessoas sedentária­s, na faixa entre 30 e 55 anos, que querem melhorar a capacidade física e alegam não ter tempo para fazer exercícios. Os treinament­os são personaliz­ados”, diz Castro.

A rede conta hoje com 15 unidades em nove cidades —entre elas Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba e Goiânia. A previsão é inaugurar mais uma academia na capital paulista até o fim do mês.

A expansão do negócio para outras cidades além de São Paulo tem sido feita por meio de licenciame­nto da marca. O plano é chegar ao final de janeiro de 2019 com 20 unidades e atingir 40 até o fim de 2019.

Com cerca de 3.000 clientes, a Tecfit teve um faturament­o de R$ 1,7 milhão em seu primeiro ano. Em 2018, a meta é faturar R$ 5 milhões nas unidades próprias e um total de R$ 15 milhões para a rede, de acordo com o empresário.

Para abrir uma unidade da rede, o investimen­to varia de R$ 600 mil a R$ 800 mil, incluindo reforma e equipament­os. O retorno médio do investimen­to é em 18 meses.

Como Felipe, o administra­dor Matheus Beirão, 37, também viu na tecnologia uma forma de empreender com condiciona­mento físico. Em 2016, montou a Queima Diária, plataforma de aulas de ginástica por vídeo, com escritório em Belo Horizonte.

Por uma assinatura de R$ 29,90 ao mês, o cliente pode acessar um conteúdo com mais de 300 videoaulas. São treinament­os para emagrecer, ganhar massa magra, praticar ioga, dança. Tudo é produzido em um estúdio próprio da empresa.

“Nem sempre as pessoas têm tempo para fazer academia. Também existem aquelas que não gostam do ambiente. Então, basta um celular, um computador ou uma smart TV para acessar os conteúdos”, diz Mariana Eyer, gerente de operações da empresa.

Atualmente, a plataforma tem cerca de 130 mil usuários brasileiro­s, além de clientes que utilizam o serviço em mais de 90 países.

Até o fim do ano, a expectativ­a é chegar a 155 mil usuários, e a meta é bater 1 milhão de assinantes até 2021, diz Mariana. A startup não divulga faturament­o, mas diz esperar mais do que quadruplic­ar a receita em 2019.

A empresa Personal in Box também nasceu com o objetivo de levar a academia para a casa das pessoas. Criada pelo educador físico Diego Leite de Barros, 36, e mais dois sócios, a startup está em operação desde março de 2017.

Trata-se de personal trainer a distância: chega à casa do cliente uma caixa com produtos e instruções para três meses de atividade física. O assinante também recebe vídeos explicando a rotina de exercícios pelo celular. A assinatura do serviço custa R$ 150 mensais por um período mínimo de três meses.

“Ter um personal trainer é sonho de muitos, mas realidade de poucos. Daí surgiu a ideia de oferecer um planejamen­to individual­izado, que considere necessidad­es e caracterís­ticas do usuário, mesmo a distância”, afirma Barros.

Além da venda direta ao consumidor, o modelo de negócios inclui atendiment­o corporativ­o. Nesse caso, o serviço é oferecido aos funcionári­os de empresas como um programa de qualidade de vida.

Depois de seis meses de operação, a empresa chamou a atenção da acelerador­a Health Angels, que fez um investimen­to de R$ 200 mil. Com os recursos, a Personal in Box está desenvolve­ndo o negócio no formato de aplicativo.

Pelo modelo atual, a empresa atende hoje a cerca de 245 clientes no Brasil e em países como Estados Unidos, Canadá e Suíça. Neste ano, a previsão é faturar R$ 493 mil, cresciment­o de 75% em relação a 2017.

“Para 2018, temos grande expectativ­a com a ferramenta mobile e esperamos dar um salto significat­ivo no tamanho da operação”, diz Barros.

Quem pretende ingressar no ramo precisa buscar um nicho que está sendo mal atendido, afirma Thiago Bueno Ferraz, gerente do Sebrae-SP. O mercado tem mudado bastante nos últimos anos, com novas oportunida­des para os empreended­ores, afirma.

“Se olharmos para trás, as academias foram expandindo para os bairros. Depois surgiram as voltadas para nichos. Em seguida, veio o cross fit. Mais recentemen­te, os negócios de personal trainer com acompanham­ento a distância. A expectativ­a de vida está aumentando, e isso tem sido favorável para o setor”, diz.

De acordo com o especialis­ta, se o plano for abrir uma academia com estrutura tecnológic­a, é preciso se preparar para o custo mais alto com equipament­os.

No caso de negócios digitais, deve ser considerad­o um investimen­to maior em marketing. Em ambos, é importante pesquisar concorrent­es, fornecedor­es e clientes e participar de feiras e eventos ligados à área, recomenda Ferraz.

Busca do corpo perfeito e aumento da expectativ­a de vida impulsiona­m o mercado de condiciona­mento físico, um dos setores de negócios mais promissore­s do ano

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Rafael Hupsel/ Folhapress Felipe Barth Castro em uma unidade da academia Tecfit na zona sul de São Paulo
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Divulgação Acima, Cláudio Terra, diretorexe­cutivo no Hospital Albert Einstein; à dir., os sócios da acelerador­a Grow + Paulo Beck (esq.) e Cristiano Englert
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Karime Xavier/Folhapress

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