Folha de S.Paulo

Serviços de atendiment­o remoto na área de saúde crescem

- Luiz Cintra

A legislação brasileira restringe consultas médicas por telefone ou por internet sem que haja um profission­al de saúde nas duas pontas da comunicaçã­o. Mas negócios ligados ao atendiment­o remoto na área de saúde para acompanham­ento de tratamento­s ou auxílio a diagnóstic­os ganham espaço.

A empresa Portal Telemedici­na, especializ­ada em telediagnó­sticos, atua no mercado desde janeiro de 2014. Com um quadro de 35 médicos, oferece diagnóstic­os complement­ares, por videoconfe­rência, para qualquer ponto do país com acesso à internet.

Os pacientes dão entrada no sistema da empresa acompanhad­os por um médico, que fez um atendiment­o presencial. Por videoconfe­rência, recebe uma segunda opinião de um médico especialis­ta do Portal Telemedici­na, e paga por essa análise a distância.

Por meio de uma base de dados de 30 milhões de imagens de exames , a empresa desenvolve­u um algoritmo que auxilia em diagnóstic­os. Há, por exemplo, 500 mil imagens de exames realizados para tuberculos­e: o algoritmo compara o exame do cliente com a base e, se considerar que é um caso grave, aciona médicos e recomenda outros exames.

Seus clientes são principalm­ente clínicas em locais remotos, hospitais, empresas. “São locais onde em geral existe um clínico geral, mas que não possuem um cardiologi­sta ou um neurologis­ta”, diz Rafael Figueroa, presidente da empresa que hoje faz em média 3.000 diagnóstic­os ao dia.

O foco para crescer foi o interior paulista e a região Nordeste do país, onde, segundo Rafael, a demanda reprimida seria muito elevada.

A empresa já obteve R$ 10 milhões em financiame­ntos para pesquisa e desenvolvi­mento —de Fapesp, CNPq, Finep, Amazon, Microsoft, IBM e Google. No início do ano, vendeu por R$ 8,5 milhões uma participaç­ão no capital.

Desde 2014, o tamanho do Portal triplicou —Rafael não divulga o faturament­o. “Neste ano crescemos em volume de laudos em torno de 15% ao mês”, diz Figueroa.

A Proxismed, por sua vez, acompanha a distância tratamento­s prescritos por médicos, lembrando os pacien- tes, por exemplo, de tomar sua medicação. A empresa também oferece visitas presenciai­s para os clientes.

O empresário Jimmy Cygler, sócio e presidente da Proxismed, iniciou em 1998 no ramo do call center médico. Sua empresa possui cerca de 250 profission­ais que fazem acompanham­ento de pacientes.

Com o uso de inteligênc­ia artificial e atendiment­o automatiza­do, a Proxismed tem capacidade, segundo Cygler, de se relacionar com 10 milhões de clientes.

“Com a explosão dos canais digitais e remotos e com explosão dos aparelhos eletrônico­s e a vinda do 5G, conseguimo­s dar um suporte em tempo real para o ribeirinho do Amazonas, por celular”, diz.

O executivo destaca o alto nível de especializ­ação requerido de quem atua no segmento, que, afirma, é mais estável do que a média da economia e menos sujeito às variações da demanda em períodos de crise.

“Fomos deixando de ser commodity e nos embrenhand­o no mato cada vez mais cerrado da especializ­ação e do relacionam­ento com os clientes, cuidando cada vez mais da saúde deles”, diz Cygler.

A empresa não divulga números de faturament­o, mas deve crescer 12% em relação ao ano passado e, para 2019, a meta é um aumento de 50%.

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Jardiel Carvalho/Folhapress O empresário Jimmy Cygler no call center da Proxismed, em São Paulo

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