No Brasil como no resto, alvo dos EUA é a China
Em série de reportagens diárias sobre a China, o New York Times trouxe no alto da primeira página que, “Na corrida por poder global, EUA e China forçam países a escolher um lado”, sem citar o Brasil.
Na quarta, sem destaque, já havia reportado que o eleito Jair Bolsonaro é “um deputado de extrema direita descaradamente pró-americano” e “muito similar” a Donald Trump, o que poderá melhorar as relações bilaterais — sem afetar porém os víncu- los brasileiros com a China.
Mas o assessor de Segurança Nacional de Trump, John Bolton, vem ao Brasil na semana que vem e, segundo o Miami Herald: “A Casa Branca disse que Bolton e Bolsonaro vão discutir como combater a pressão da China para ganhar influência política e econômica” na região.
Segundo a revista americana Foreign Policy, com uma nova secretária-assistente de Estado para a América Latina, Kimberly Breier, e um novo diretor para a região no Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Mauricio Claver-Carone, “Bolton está construindo uma estratégia latino-americana de confrontação”. mourão garante equilíbrio O vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, surgiu no Financial Times prometendo, no título, “equilíbrio nas relações com EUA e China”. Mais precisamente, ele afirmou que “a China não está comprando o Brasil”, como Bolsonaro chegou a falar durante a campanha, e observou: “Às vezes o presidente tem uma retórica que não combina com a realidade”. Acrescentou: “A política externa brasileira é tradicionalmente pragmática. Nós temos que manter um equilíbrio”.
‘botolini’ Steve Bannon, exestrategista chefe de Trump na Casa Branca e um dos arquitetos de sua confrontação com a China, convidou o britânico Guardian para acompanhá-lo em seu novo esforço, de formar um “super grupo” direitista na Europa. Ele quer, no título do jornal, “enfiar uma estaca no vampiro de Bruxelas”, sede da União Europeia. O repórter lembra que em setembro, quando Bannon contou que estava “assessorando” um candidato militar no Brasil, não conseguia lembrar o nome. Questionado, respondeu: “Botolini”.
‘get away with murder’ O publisher do Washington Post, Fred Ryan, que foi assessor do presidente Ronald Reagan, escreveu no jornal sobre o que chamou de “mensagem de Trump aos tiranos”, com seu apoio à Arábia Saudita no caso do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, colunista do WP. Em suma: “Balance bastante dinheiro na frente do presidente dos Estados Unidos, e você pode se safar com um assassinato”.