MST tem de se preocupar, afirma ruralista nomeado por Bolsonaro
são paulo Apreensiva com a indicação do ruralista Nabhan Garcia para a Secretaria Especial de Assuntos Fundiários, a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) diz que o governo Bolsonaro terá de aposentar a retórica e lidar com a tensão de movimentos se quiser evitar uma inflamação no campo.
“Achar que não vai fazer reforma agrária e, na base da força, vai ter um campo pacifico é ilusão, os trabalhadores vão continuar lutando”, afirma Elias Borges, secretário de política agrária da Contag.
“Só existe pressão social porque há uma inércia do governo [ao não tocar a reforma agrária]. Se o governo cumprir o seu papel, a tensão diminui. Mas se o governo disser que, com tensão, não conversa, sem tensão, ele não toca o projeto.”
Borges observou que os casos de violência no campo se intensificaram e citou a derrubada de barracos na beira de estrada, fora de propriedades, e disparos de tiros.
“Não vou entrar nesse mérito, porque a realidade que conhecemos bem é uma só”, respondeu Garcia. “A realidade é que essas pessoas são usadas como massa de manobra por ditos movimentos sociais, que de sociais não têm nada”, disse, explicitando não se referir à Contag.
Procurado, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) não quis comentar a indicação de Garcia, presidente da UDR (União Democrática Ruralista).
“Se o MST está preocupado, tem que se preocupar mesmo, porque tem que parar de invadir propriedade”, afirmou Garcia.
“Invadir uma autarquia que é mantida com o dinheiro dos contribuintes como é o caso dos Incras e destruir tudo, isso é vandalismo, é um processo ideológico, anacrônico, que o mundo sepultou. Essa gente presta um desserviço ao Brasil.”
Borges cobrou recursos para a infraestrutura dos assentamentos, para o crédito dos agricultores familiares e a reestruturação do Incra.
Nabhan Garcia disse por ora desconhecer o orçamento da pasta que chefiará. “Pode ter certeza de que será muito menor, mas muito menor que todo o dinheiro que foi gasto nessa favelização agrária do Brasil. Reforma agrária até hoje no Brasil foi uma vergonha, uma afronta à própria democracia.”