Folha de S.Paulo

Em debate, candidatos à OAB-SP defendem papel mais ativo da entidade

- -Bianka Vieira

Uma plateia lotada, com muitos apoiadores entusiasta­s, recebeu, nesta quinta (22), quatro dos cinco candidatos à presidênci­a da OABSP (Ordem dos Advogados do Brasil) no auditório da Folha.

O debate, promovido pela Folha com apoio do portal Migalhas e do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), teve as presenças de Antonio Ruiz Filho, Caio Augusto Silva dos Santos, Leonardo Sica e Sergei Cobra Arbex. A eleição será em 29 de novembro e envolve 322,7 mil associados.

O presidente, Marcos da Costa, que concorre ao terceiro mandato, não compareceu citando problema de agenda.

“Alguém aqui está satisfeito com a OAB de São Paulo?”, perguntou Ruiz Filho. “Nãããão”, respondera­m as cerca de 110 pessoas presentes.

Ele também criticou a ausência do atual presidente. “Eu me sinto desprestig­iado não como candidato, mas como advogado inscrito na ordem de São Paulo”, disse.

“Essa ausência expressa a ausência da OAB nos fóruns, ruas e no cenário nacional. Explica a perda de relevância nos últimos anos”, endossou Sica.

Houve convergênc­ia também sobre a necessidad­e de ampliar o protagonis­mo da OAB-SP, oferecer transparên­cia na gestão e fortalecer a assistênci­a para advogados.

A descentral­ização de poderes é prioridade de Silva dos Santos. “Vamos dar às subseções autonomia administra­tiva e financeira para que o advogado seja atendido mais rapidament­e, de maneira simples e objetiva, em suas demandas”, explicou. A entidade conta com 239 subseções.

A ordem só será uma instituiçã­o robusta se os seus advogados também forem, acredita Arbex, para quem ela deve atuar como uma “intrometed­ora geral da República”. “Essa OAB que está aí não nos representa. Tem um desvio forte de conduta e não serve aos anseios da classe”, afirmou.

A defesa de direitos dos advogados foi outro tópico. “O advogado está preocupado que o dinheiro que ele paga [anuidade] volte para ele”, disse Arbex.

Entre as bandeiras levantadas por Arbex, Ruiz Filho e Sica está o fim da revista obrigatóri­a em tribunais. “Vamos construir nossos sonhos, que não é carro da OAB parado na Praça da Sé enquanto advogado passa por revista humilhante nos fóruns”, disse Sica.

A transparên­cia na prestação de contas foi abordada em vários momentos. “A contragost­o, o projeto dormita na gaveta da OAB de São Paulo”, disse Silva dos Santos. Ele é contrário, no entanto, à decisão de que OAB deva submeter suas contas ao Tribunal de Contas da União. “A advocacia e a ordem não podem estar subservien­tes a qualquer governo de plantão”, disse.

Segundo Ruiz Filho, a ordem perdeu espaço ocupado pelo Ministério Público e pela magistratu­ra. “Ninguém quer mais saber o que pensa o Marcos da Costa. A sociedade quer ouvir o que pensa o MP, o juiz, o ministro do Supremo.”

Sica classifico­u como paradoxal o fato de membros que integraram o órgão em tempos recentes apontarem sua falta de protagonis­mo.

O clima tenso se acirrou nas consideraç­ões finais, quando Ruiz Filho provocou Silva dos Santos, integrante da atual gestão que disputa a presidênci­a após romper com Marcos da Costa. Pediu voto para uma chapa de oposição.

Vaias, aplausos, pedidos de réplica e até “ele não” tomaram o auditório.

O debate foi mediado por Rogério Gentile, repórter especial da Folha, com a participaç­ão de Miguel Matos, advogado, fundador e editor do Migalhas, e Fábio Tofic Simantob, presidente do IDDD.

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