Colômbia suspeita de ação de agentes venezuelanos em abrigo
A Colômbia suspeita que agentes da Guarda Nacional da Venezuela causaram brigas em um acampamento de refugiados em Bogotá, como forma de tentar desmoralizar os grupos que fogem do país devido à crise econômica.
A prefeitura de Bogotá montou um acampamento de tendas temporárias para abrigar refugiados da Venezuela, com capacidade para cerca de 400 pessoas. No local, ocorreram brigas relacionadas à comida nesta semana e 16 moradores foram expulsos.
O governo colombiano investiga a possível participação de agentes da Guarda Nacional da Venezuela nestes distúrbios, que poderiam ter gerado a briga para tentar prejudicar a imagem dos refugiados e, assim, sabotar os esforços para receber os viajantes.
“Três deles estavam com documentos falsos. Algumas das nossas fontes de informação indicaram que eles são da Guarda Venezuelana”, disse Christian Krüger, diretor da entidade Migração Colômbia.
O conjunto de tendas é o primeiro do tipo na capital do pa- ís. As autoridades colombianas criaram campos para refugiados na fronteira com a Venezuela, mas resistem a fazer o mesmo no interior, pelo temor de que os viajantes decidam ficar de vez neles.
Os refugiados estão ali há mais de uma semana, depois de serem forçados a deixar uma favela a alguns quilômetros de distância. Os portões são protegidos por policiais.
Sobem colunas de fumaça vindas de fogueiras em meio a tendas amarelas. Montadas em um antigo campo de futebol de um bairro de clas- se média, elas são a nova casa de 422 venezuelanos.
Alguns refugiados reclamam que as estruturas são inadequadas. Há quatro chuveiros para 65 tendas. Há também queixas sobre a qualidade da alimentação, resumida a frutas e a sanduíches.
“Há pessoas doentes aqui. As crianças estão abaixo do peso”, disse Agustín Perez, 52, cuja tenda abriga sete pessoas e está coberta com roupas secando. “É humilhante.”
“Nós não estamos pedindo esmolas, apenas trabalho”, disse Carmen Castillo, 29.
Segundo a ONU, 3 milhões de venezuelanos fugiram do país, que enfrenta uma forte crise sob comando do ditador Nicolás Maduro.
A estimativa é que a Colômbia tenha recebido 1 milhão desses refugiados, e 3.000 chegam a cada dia. O governo diz que total pode chegar a 4 milhões em 2021 e gerar um custo de US$ 9 bilhões por ano.
A Prefeitura de Bogotá diz que a previsão é desmontar as tendas em meados de janeiro, quando espera-se que os migrantes tenham conseguido trabalho e alojamento, e que não haverá novos campos.
Para a maioria, isso é improvável. Sem emprego fixo, eles vendem balas nos semáforos.
O governo proíbe doar comida e roupas porque não quer que os migrantes se acostumem com as doações.
“Bogotanos de bom coração trouxeram comida, cobertores e suprimentos de emergência. Então eles não partiam”, diz Liliana Pulido, diretora de assistência social da prefeitura. Segundo ela, “não haverá novos campos de tendas”.