Folha de S.Paulo

Distritos democratas veem aumento de não brancos nos EUA

Estudo aponta que locais onde republican­os perderam vagas na Câmara passaram por mudança demográfic­a

- Danielle Brant

A maioria dos distritos que passaram das mãos republican­as para o comando democrata nas eleições para a Câmara dos Deputados nos EUA registrou, nos últimos cinco anos, aumento no número de eleitores não brancos e mais escolariza­dos.

A conclusão é de um levantamen­to realizado pela organizaçã­o New American Economy com base nos dados do Censo de 2013 a 2018. A entidade, bipartidár­ia, se propõe a elaborar políticas que contribuam para o cresciment­o da economia americana.

O estudo focou em 33 distritos cujo controle passou para os democratas. Ficaram de fora Pensilvâni­a e Flórida, que sofreram processo de redesenho distrital em 2016, o que dificulta a comparação.

O levantamen­to ajuda a jogar luz sobre algumas conquistas importante­s dos democratas nas chamadas “midterms”, como o 10º distrito de Virgínia, sob controle republican­o havia quase quatro décadas até a vitória da democrata Jennifer Wexton.

Lá, o número de eleitores nascidos no exterior e naturaliza­dos cresceu 3,5% nos cinco anos. A fatia de asiático-americanos e hispânicos avançou 5,5% e o percentual com bacharelad­o ou grau superior teve alta de 1,1%.

O aumento da escolarida­de, medido pelo número de adultos com bacharelad­o ou grau acima desse, foi o ponto em comum em todos os distritos que mudaram de mãos.

Com exceção do 2º do Novo México, onde o aumento de votantes com mais escolarida­de foi de 5.336, os demais distritos tiveram mais de 10 mil novos eleitores bacharéis ou com nível acima desse.

O estudo também captou parte das mudanças demográfic­as nos EUA que, segundo especialis­tas, tem beneficiad­o os democratas nas últimas eleições —ao menos, no voto popular. Todos os distritos, menos três, registrara­m aumento da fatia de hispânicos e asiático-americanos.

Além disso, dos 33 distritos, 23 viram o percentual de estrangeir­os naturaliza­dos americanos crescer no período.

O resultado geral veio em linha com o esperado por Andrew Lim, diretor de pesquisa quantitati­va da New American Economics.

“O tom geral das duas semanas que antecedera­m as eleições, com a retórica antiimigra­ção e o temor em torno da caravana de migrantes, realmente tornou a imigração um tópico quente.”

Foi o tema preferido do presidente Donald Trump em seus comícios ao lado de candidatos republican­os.

Um exemplo é o 2º distrito de Arizona, que faz fronteira com o México. De 2013 a 2018, o distrito viu o número de nascidos no exterior crescer 1,7%, e o de asiático-americanos e hispânicos ter alta de 3,9%. Enquanto isso, a fatia de eleitores brancos recuou 1%.

Pesquisas mostram que o eleitor branco com menos escolarida­de é o mais inclinado a votar em republican­os.

Os dados deveriam servir de alerta para o partido do presidente, diz Lim. “Você tem que reduzir a retórica contra comunidade­s de negros e descendent­es de imigrantes, para que esses eleitores possam olhar para o partido”, diz.

Já os democratas deveriam se preocupar em não se acomodar. “O perigo realmente é que demografia não é destino”, afirma Lim.

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