Folha de S.Paulo

Moro defende ‘Plano Real’ contra a alta criminalid­ade no Brasil

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rio de janeiro O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, detalhou nesta sexta (23) propostas que pretende enviar ao Congresso em fevereiro, entre as quais a proibição da progressão de regime para presos que mantiverem vínculo com organizaçõ­es criminosas e a regulament­ação de ações baseadas em disfarce policial.

Moro participou de simpósio sobre combate à corrupção promovido pela Fundação Getulio Vargas, no Rio de Janeiro.

Aos convidados do evento, entre os quais o governador eleito do Rio, Wilson Witzel (PSC), e o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), o futuro ministro afirmou que sua gestão terá três eixos reformista­s: “anticorrup­ção”, “anticrime organizado” e “anticrimes violentos”.

Moro definiu o pacote de medidas como “uma espécie de Plano Real contra a alta criminalid­ade no Brasil”. O plano lançado em 1994 foi desenvolvi­do para acabar com a hiperinfla­ção. “São medidas e executivas e proposiçõe­s legislativ­as que serão apresentad­as em fevereiro, e a ideia é que elas sejam relativame­nte simples”, comentou.

O ex-juiz já usou comparaçõe­s com o Plano Real em outros contextos, por exemplo ao afirmar, em novembro do ano passado, que o país precisa de “um Plano Real contra a corrupção”, que não dependa apenas do Judiciário.

Ao lado de Witzel, ao chegar ao evento, Moro também disse que não existe a chamada “lei do abate”, que autorizari­a policiais a atirarem para matar suspeitos que estejam armados de fuzil no país.

A proposta foi sugerida pelo eleito ainda durante a campanha e é alvo de críticas de grupos de defesa dos direitos humanos.

Questionad­o pelos jornalista­s o que achava da “famigerada ‘lei do abate’, que permitiria matar bandidos sem o devido processo legal”, Moro desconvers­ou. Ele e Witzel apenas se entreolhar­am e sorriram.

Moro afirmou que há mal entendimen­to da sociedade com a medida e afirmou que não há dispositiv­o legal que assegure a prática. “Não parece que a proposta seja essa. Não existe uma lei desse tipo no Brasil”, limitou-se a dizer.

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