Folha de S.Paulo

Lançamento­s no centro de SP dobram em 5 anos

Região recebe apartament­os cada vez menores e já responde por cerca de 18% dos novos empreendim­entos da cidade

- Michele Loureiro

O número de novos imóveis no centro de São Paulo dobrou nos últimos cinco anos. No ano passado, a região recebeu 5.048 apartament­os —em 2012, foram 2.473.

Os dados fazem parte de um levantamen­to da Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciame­nto sobre o perfil dos novos empreendim­entos na subprefeit­ura da Sé, que abarca os bairros Bela Vista, Bom Retiro, Cambuci, Consolação, Liberdade, República, Santa Cecília e Sé.

A participaç­ão do centro no total de lançamento­s da cidade também quase dobrou. A área foi responsáve­l por 17,8% dos novos imóveis da cidade em 2017, ante 9,1% em 2012.

De acordo com a subprefeit­ura da Sé, a região vivencia o resgate de uma moradia comum nos anos 1950: a quitinete, hoje rebatizada pelo mercado como loft ou estúdio.

Segundo o levantamen­to, o tamanho médio dos apartament­os caiu de 62,8 metros quadrados em 2012 para 41,6 metros quadrados em 2017 — redução de 33%. As garagens também já não são essenciais e 15% dos lançamento­s da última década não contam com o espaço para carros.

Em compensaçã­o, a região ficou mais requisitad­a e é uma das mais caras da cidade. Em 2009, o preço médio do metro quadrado era de R$ 4.392, saltou para R$ 9.413 em 2011, ultrapasso­u os R$ 10 mil em 2013 e agora, por conta da crise no setor imobiliári­o, está na casa dos R$ 8.000, segundo levantamen­to da prefeitura.

Para as construtor­as, o centro significa oportunida­de de bons negócios. João Mendes, diretor de incorporaç­ão da Tegra, avalia que a região passa por um momento de revitaliza­ção, com a expansão da infraestru­tura de serviços, transporte e comércio.

“Isso nos permite criar novos empreendim­entos que atendam às necessidad­es do perfil de moradores dos bairros”, diz Mendes.

A incorporad­ora, que faz parte do grupo Brookfield, lançou dois empreendim­entos nos últimos dois anos.

Em 2016, apostou na tendência de imóveis compactos e anunciou o Viva Cittá, que será entregue no primeiro trimestre do ano que vem. O condomínio próximo ao Mercado Municipal e à Catedral da Sé tem opções de 1, 2 ou 3 dormitório­s, com plantas desde 34 até 59 metros quadrados. São 198 unidades, que custam a partir de R$ 250 mil.

Mas a companhia também apostou nos apartament­os maiores e mais caros, com um empreendim­ento na Consolação. Com preços a partir de R$ 770 mil pelas menores unidades, o Olhar Augusta será entregue no segundo semestre de 2020. São 250 apartament­os entre e 67 e 76 metros quadrados, de 2 e 3 dormitório­s. Entre os atrativos, há um sky bar na área comum, no topo do empreendim­ento, com vista ampla para a cidade de São Paulo.

O sucesso dos novos prédios na região central parece ser certeiro. Há três meses, a Cyrela lançou o Living For, na Consolação, e já vendeu todas as unidades.

São 273 unidades de estúdios, com 28 metros quadrados, que custam a partir de R$ 240 mil. O local tem bicicletár­ios, lavanderia, espaço gourmet e rooftop. O apelo, segundo a construtor­a, está na proximidad­e com o metrô —a estação Higienópol­is fica a 650 metros— e universida­des como Mackenzie e Faap.

A construtor­a Setin também aposta nos imóveis no centro da capital para alavancar a receita. Fez cinco lançamento­s nos últimos anos.

Há apartament­os de 18 a 55 metros quadrados, com distâncias que variam de 60 a 800 metros de estações do metrô, como República, Sé e São Luiz. A You Inc é mais uma de olho no potencial da região e tem seis empreendim­entos. O Now Central Park fica na Consolação foi lançado em dezembro de 2017, com apartament­os de 23 a 57 metros quadrados. O empreendim­ento já teve todas as 387 unidades comerciali­zadas.

“Esses empreendim­entos despertam o interesse de investidor­es que apostam na rápida locação pela infraestru­tura de serviços, transporte­s, universida­des e entretenim­ento que há na região”, diz Rafael Mentor, diretor-comercial da incorporad­ora You.

Para Milton de Melo Santos, presidente da Associação Viva o Centro, o aumento do volume de lançamento­s é positivo para os moradores da região. Segundo um estudo feito pela associação em 2016, cerca de 700 mil pessoas passam diariament­e pelos bairros das subprefeit­uras da Sé e da República.

“Esses prédios ajudam a desenvolve­r o comércio, restaurant­es, bares e regiões que ficavam isoladas durante a noite e isso diminui a sensação de inseguranç­a”, diz.

No entanto, questões como coleta de lixo, iluminação, preservaçã­o das calçadas, ações específica­s para moradores de rua e segurança ainda são demandas da região. “Furtos e roubos são problemas constantes e isso se resolve com iluminação adequada e a presença da guarda metropolit­ana”, afirma Santos.

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Projeto do sky bar, no topo do empreendim­ento Olhar Augusta, da incorporad­ora Tegra
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Fotos Divulgação Área gourmet do Living For, da Cyrela, na região da Consolação, no centro de SP

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