Folha de S.Paulo

Felipão é retranquei­ro que coleciona títulos com maior nº de gols

- Paulo Vinícius Coelho pranchetad­opvc@gmail.com

Dudu participou mais uma vez de um gol do Palmeiras. Desta vez, o do título. Na conta apresentad­a pela Folha no domingo (24), eram 50% dos gols da campanha passando pelo pé direito dele. Agora, Dudu é 50% mais um.

Como se o campeão brasileiro fosse o Boca, que se diz 50% mais um da torcida argentina ou o River Plate, que tinha 50% mais um de chance de ganhar a Libertador­es. Com o cancelamen­to da final sul-americana, só houve um campeão no fim de semana: o Palmeiras.

Felipão começou a arrumar o time, arrancar do sétimo para o primeiro lugar e colocar a mão na taça quando acertou o sistema defensivo. Sem sofrer gols nas primeiras seis rodadas após a demissão de Roger Machado, o campeão saltou de sétimo para quarto.

Na derrota para o Fluminense, em julho, partida que resultou na troca de treinador, o Palmeiras tinha o quarto melhor ataque e a sétima melhor defesa. Hoje tem o ataque mais positivo e a defesa menos vazada.

Apesar de a defesa ter sido a primeira razão do cresciment­o, o ataque reforça uma tendência na era dos pontos corridos. Nos 16 Brasileiro­s com esse sistema de disputa, é o décimo campeão com maior número de gols. São Paulo de 2006, Corinthian­s de 2015 e Palmeiras de 2016 lideraram os dois quesitos.

Felipão sempre foi apontado como retranquei­ro, mas fez sua carreira colecionan­do títulos com o maior número de gols de suas campanhas. O Grêmio campeão brasileiro de 1996 apostava em jogadas ensaiadas de faltas e escanteios, tinha segurança defensiva, mas registrou o recorde de gols da temporada.

A seleção de 2002 é a única na história das Copas com sete vitórias em sete jogos e com o ataque mais positivo. Fez 18 gols, média apenas superada pela Alemanha, entre os campeões mundiais do século.

Em São Januário, o Palmeiras mostrou a eterna face de Felipão. Ele não esconde que sempre preferiu as vitórias a jogar bonito. Depois da partida contra o Fluminense, disse nunca ter vestido outra carapuça. O melhor é jogar bem. O Palmeiras jogou.

Não é só responsabi­lidade de Felipão o melhor ataque. No ano passado, com dois treinadore­s durante o Brasileiro (Cuca e Alberto Valentim) o Palmeiras também foi o mais positivo em gols. O ataque evoluiu e a explosão de Dudu se deu depois de Felipão. Contabiliz­ados os números de todas as competiçõe­s com Felipão, Dudu marcou sete e deu nove passes, ou 35% dos gols.

O Palmeiras chega à rede adversária 46% das vezes com bolas paradas, 15% de contraataq­ues, 4% de roubadas no campo do adversário, 17% pelo alto, 35% em troca de passes. Algumas dessas ações se sobrepõem, o que explica a conta ultrapassa­r os 100%.

O lado direito é responsáve­l por 42% das jogadas de gol com Felipão, o lado esquerdo apenas 13%. Muitas vezes, Dudu passou a ser escalado pela direita e, quando está do lado oposto, puxa a jogada para a faixa central.

Em comum, o Palmeiras campeão teve a tentativa de atacar como premissa, ora com passes longos, ora pelo chão. Felipão gosta da definição rápida. Com todos os problemas do Brasileiro, o décimo campeão com o melhor ataque em 16 torneios de pontos corridos indica que a busca pelo gol ainda é a vocação do futebol que se joga por aqui.

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