Folha de S.Paulo

O Tribunal de Justiça em 2018

Números mostram crescente eficiência da corte

- Visca

Manoel de Queiroz Pereira Calças e Carlos Otávio Bandeira Lins Desembarga­dor e presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo Desembarga­dor do Tribunal de Justiça de São Paulo O Estado democrátic­o de Direito não se constrói só nas eleições, mas também na ação diária das instituiçõ­es que o asseguram; e o compromiss­o do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo com esse objetivo maior tem se manifestad­o em contínuo cresciment­o de sua produtivid­ade. Neste ano, entre janeiro e setembro, o Tribunal recebeu 3,84 milhões de processos novos; e no mesmo período, concluiu 4,76 milhões de casos. O Índice de Atendiment­o à Demanda (IAD), calculado segundo o padrão definido pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), chegou assim à marca inédita de 123,99%.

Consideran­do-se que em cada processo há pelo menos duas partes, pode-se dizer que o saldo positivo de 920 mil processos significa resolver questões de uma população superior à do município de Guarulhos, composta apenas por pessoas que aguardam o fim de um processo. Caso se queira comparar o número total de processos finalizado­s anualmente, e não só a diferença entre casos novos e encerrados, o exemplo tem de se transferir de Guarulhos para a cidade de São Paulo —e seus 12 milhões de habitantes.

Não se trata de vitória episódica ou conjuntura­l: os dados permitem ver uma mudança de cultura no Poder Judiciário. Desde 2013, o número de processos encerrados por ano passou do quinto milhão, e não tem parado de crescer. Este é o quarto ano seguido em que o IAD global supera os 100%; e pelos números dos primeiros nove meses, os órgãos de planejamen­to do Tribunal estimam que a taxa de congestion­amento, também definida pelo CNJ, venha a fechar o ano em 75,81% —contra 80,66% de 2013, aproximand­o-se da média de 74,5% que o CNJ apurou para os Tribunais de Justiça no relatório “Justiça em Números”, de 2018.

O enraizamen­to da cultura de produtivid­ade se comprova pela verificaçã­o de indicativo­s favoráveis nos dois graus de jurisdição. O IAD das unidades de primeiro grau passou de 110,76%, em 2016, para 120,64%, nos primeiros nove meses de 2018. Nos Juizados Especiais, o cresciment­o foi de 144,62% para 167,13%; e nas Turmas Recursais, de 100,50% para 102,31%. No mesmo período, o IAD do segundo grau de jurisdição passou de 77,58% para 102,67%.

As iniciativa­s do Tribunal de Justiça para dar vazão à demanda que lhe é dirigida não têm cessado, nem mesmo por força das restrições impostas pelo retraiment­o da economia.

No primeiro grau de jurisdição, deu-se início à implantaçã­o do segundo assistente para os magistrado­s; inaugurou-se nova edição da campanha “Judiciário Eficiente”, que premia as unidades cartorária­s com selos indicativo­s do grau de produtivid­ade de cada qual; e estão em curso projetos de reestrutur­ação das Execuções contra a Fazenda Pública (Upefaz) e de racionaliz­ação das Execuções Fiscais, setores em que se encontram os principais gargalos dos processos pendentes de baixa.

Os números mostram que o Tribunal não tem sido refratário a mudanças, nem repousado diante dos problemas que tem por enfrentar: informados regular e transparen­temente ao CNJ, eles têm orientado o planejamen­to da gestão da corte, com resultados que se aprimorara­m mesmo em anos de crise. Traduzindo o esforço e a dedicação de magistrado­s e servidores, são a marca objetiva de um Tribunal moderno e pronto para os desafios do tempo presente.

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