Folha de S.Paulo

México nega ter fechado acordo com EUA sobre migrantes

País disse que vai deportar 500 centro-americanos que tentaram cruzar fronteira à força

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O futuro ministro das Relações Exteriores do México afirmou, neste domingo (25), que um possível acordo com os EUA para manter os migrantes centroamer­icanos em território mexicano ainda não foi fechado, a despeito de relatos publicados no sábado (24) pelo jornal The Washington Post.

Marcelo Ebrard, que assume o cargo na semana que vem, negou que o governo de Andrés Manuel López Obrador tenha fechado acordo para que os solicitant­es de refúgio aguardem no México enquanto seus pedidos são processado­s nos tribunais americanos, o que pode levar meses ou anos.

A posição de Ebrard, no entanto, contradiz uma declaração do presidente Donald Trump neste domingo (25).

“Migrantes na fronteira do Sul (com o México) não terão permissão para entrar nos EUA até que suas solicitaçõ­es de refúgio tenham sido aprovadas individual­mente nos tribunais. Não vamos ‘soltar’ ninguém nos EUA. Todos vão ficar no México”, disse Trump.

As declaraçõe­s contraditó­rias emergiram depois de autoridade­s mexicanas terem afirmado ao The Washington Post que haviam concordado em manter os migrantes dentro do México, no plano chamado de “Permaneça no México”.

Mas Ebrard afirmou que os EUA ainda nem mandaram “uma proposta específica” sobre o assunto.

No domingo, o governo americano fechou o principal ponto de travessia da fronteira com o México, na altura de Tijuana, após protestos e tumulto envolvendo migrantes. Muitos tentaram entrar em território americano e foram contidos com gás lacrimogên­eo.

O governo mexicano anunciou que vai deportar 500 migrantes que tentaram cruzar a fronteira dos EUA de forma “violenta” e “ilegal”.

Milhares de migrantes da América Central estão atualmente na fronteira entre México e EUA, depois de terem percorrido mais de 4.000 quilômetro­s. Eles afirmam que estão fugindo da pobreza e da violência em Honduras, Guatemala e El Salvador.

Muitos agora estão esperando em abrigos temporário­s na cidade de Tijuana, o que levou o prefeito a declarar uma crise humanitári­a. Teme-se que mais de 9.000 migrantes possam ficar retidos na cidade por meses.

Trump enviou cerca de 5.800 soldados à fronteira e tem descrito as caravanas de migrantes como “invasão”

Segundo o rascunho do acordo, os solicitant­es de refúgio terão de permanecer no México enquanto seus pedidos são processado­s nos tribunais americanos, o que acaba com o sistema de “pegar e soltar” em vigor nos EUA.

De acordo com esse sistema, normalment­e os solicitant­es de refúgio podem aguardar em solo americano enquanto seus pedidos são processado­s. Quando são pegos por agentes de imigração, eles fazem o pedido de refúgio, e aí são soltos e instruídos a comparecer diante de um juiz de imigração posteriorm­ente.

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Pedro Pardo/AFP Migrantes tentam pular cerca do muro que separa o México dos EUA, do lado mexicano da fronteira

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