Folha de S.Paulo

Criou uma das maiores coleções de arte do Brasil

- Fernanda Canofre

A história de uma das maiores coleções de arte do Brasil começou com uma amizade. Era final dos anos 1960, em Milão, na Itália, quando o economista João Sattamini, que trabalhava para o Instituto Brasileiro do Café, conheceu o pintor paraibano Antonio Dias, recém contratado pelo Studio Marconi.

Um quadro de Dias foi o primeiro a entrar na casa dos Sattamini. “Eles criaram um laço bacana”, conta Paula, uma das filhas do colecionad­or.

Assim, o homem reservado, que gostava de café e números, descobriu olho para a arte. Ao longo dos anos, a coleção foi ganhando corpo.

Nos anos 1980, se abrasileir­ou mais, com obras de artistas contemporâ­neos como Lygia Clark, Hélio Oiticica, Alfredo Volpi, Milton Dacosta, Daniel Senise, Aluísio Carvão, Dionísio Del Santo.

Segundo a filha, a escolha das cerca de 1.300 peças não era pelo valor ou assinatura, mas pelo gosto do próprio João. Para ela, o conjunto coeso traduz um pouco de quem foi o pai. Algo difícil de explicar em palavras.

Nos anos 1990, as peças ganharam casa própria com a grife de Oscar Niemeyer. Com “ansiedade fidalga”, Sattamini acompanhou de perto o projeto do Museu de Arte Contemporâ­nea (MAC), de Niterói —prédio redondo, futurista, que virou cartão-postal. Lá, deixou seu acervo aberto.

“Para ele, a arte só existia para que pudesse ser vista, ser apreciada pelos outros. Para que as pessoas pudessem aprender, que os artistas pudessem se inspirar e fazer novas artes”, diz Paula, designer por influência do pai.

Na manhã de terça-feira (20), depois de dois meses internado no hospital Pró-Cardíaco do Rio de Janeiro, Sattamini morreu, aos 83 anos. Deixou quatro filhas, Paula, Valéria, Vanessa e Julia, e a esposa, Elisângela. Em agosto, havia perdido o amigo Dias. Procure o Serviço Funerário Municipal de São Paulo: tel. (11) 3396-3800 e central 156; prefeitura.sp.gov.br/servicofun­erario.

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