Folha de S.Paulo

Novo governo altera rotina e público de centro cultural

- Gabriela Sá Pessoa, Laís Alegretti e Talita Fernandes

brasília Em novembro, chove em Brasília. Chove muito. Para sexta-feira (22), o Inmet (Instituto Nacional de Meteorolog­ia) alertava: “Encoberto com pancadas de chuva e trovadas isoladas”. Foi assim quase todos os dias.

É sob chuva —raramente sob o sol— que a imprensa acompanha as primeiras decisões do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), sede do governo de transição, em Brasília.

Frequentad­o por visitantes que buscam cultura e um local para contemplar o Lago Paranoá, o CCBB teve sua rotina alterada nas últimas três semanas. Ali, agora, se monta o futuro governo.

O público mudou. Saíram de cena os cinéfilos e apreciador­es de arte contemporâ­nea para ceder espaço para uma outra fauna urbana: burocratas de terno e gravata e mulheres de terninho. Ambos com os indefectív­eis bottons e crachás, um símbolo de status brasiliens­e.

O reportaria­do se ambientou. Montou acampament­o por ali. Literalmen­te. Um toldo foi montado para proteção contra aguaceiros.

Por ali passa agora o ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro, que circulou pelo local nos primeiros dias de preparativ­o para assumir o Ministério da Justiça.

Moro deparou-se rapidament­e com a vida de Brasília e ficou incomodado de ter sido fotografad­o enquanto mastigava, num café localizado na área externa do prédio. O desconfort­o durou alguns dias, mas logo o futuro ministro voltou a fazer refeições em público.

Na primeira aparição de Moro no CCBB, uma funcionári­a afirmou ter ficado encantada com a aparência do exmagistra­do. “Nossa, que homem bonito. Tomara que ele venha todos os dias.”

O acesso à sala principal do gabinete de transição é restrito e bloqueado por grades. Quando Bolsonaro chega ao local, ganha reforço da PF.

Em três semanas, o eleito só parou uma vez no local para dar entrevista, ao anunciar Ernesto Araújo como futuro ministro de Relações Exteriores.

Sua chegada ou saída quase nunca é avisada com antecedênc­ia, mas o prenúncio de seus deslocamen­tos se dá por meio de ruídos de seu amplo aparato de segurança: o sobrevoo do helicópter­o da Polícia Militar é o primeiro deles. Por isso, o plantão é permanente. A tropa da imprensa não abandona o posto.

 ?? Gabriela Sá Pessoa - 19.nov.2018/Folhapress ?? Sergio Moro almoça com colegas no café da área externa do CCBB
Gabriela Sá Pessoa - 19.nov.2018/Folhapress Sergio Moro almoça com colegas no café da área externa do CCBB

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil