Folha de S.Paulo

PF apreende com empresário cheque de deputado

- Taís Hirata e Wálter Nunes

A Polícia Federal apreendeu um cheque de R$ 200 mil da campanha de 2014 do deputado federal Marcelo Squassoni (PRB-SP) na casa de um empresário acusado de participar de um esquema de fraude em licitações na Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), que administra o porto de Santos.

A descoberta aconteceu na casa de Mario Jorge Paladino, dono da MC3 Tecnologia e Logística, durante a deflagraçã­o da Operação Tritão, no dia 31 de outubro.

Paladino foi preso naquele dia junto a outras seis pessoas, entre elas o presidente da Codesp, José Alex Oliva. Todos já foram liberados mediante pagamento de fiança e medidas cautelares.

Squassoni é ligado ao deputado Celso Russomanno (PRBSP) e coordenou sua campanha a prefeito de São Paulo em 2016. Sua assessoria diz que o cheque era para pagar uma gráfica de um amigo de Paladino, que não foi efetivada porque a campanha teria ficado sem dinheiro.

A defesa de Paladino não explicou o que o cheque do deputado fazia na casa dele.

Squassoni não foi alvo da polícia, mas seu nome aparece na origem da investigaç­ão.

A suspeita das irregulari­dades nas contrataçõ­es da Codesp surgiu em setembro de 2016, com o vazamento de um vídeo no qual Carlos Souza, ex-assessor do presidente da companhia, falava abertament­e sobre a fraude em uma licitação, para a contrataçã­o de serviços de digitaliza­ção de documentos. A empresa mencionada é a MC3, de Paladino.

No vídeo, o nome do deputa- do já era mencionado —Souza diz que colocou dinheiro em sua campanha eleitoral.

O vídeo foi gravado pelo servidor público Ulisses Stanoga de Moraes, que deu mais detalhes em depoimento ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo).

Segundo o depoimento de Moraes, Souza teria dito que Paladino distribuir­ia R$ 730 mil a ele, a Squassoni e a vereadores de Guarujá (SP).

Souza ainda teria dito que o grupo recebia R$ 50 mil por mês referentes a um contrato de uma empresa de Paladino com a Câmara de Vereadores da cidade. O dinheiro seria lavado em lotéricas.

O ex-assessor também teria dito que Squassoni já havia atuado na assinatura de outro contrato da Codesp, com uma empresa de coleta de lixo, e que 10% do valor fora entregue ao grupo.

Squassoni não conseguiu se reeleger em outubro.

Em 2016, enfrentou acusação de ter usado notas frias na prestação de contas da sua atividade parlamenta­r —ele nega qualquer irregulari­dade.

Jose Eduardo dos Santos, dono da TESS, Tecnologia e Sistemas de Segurança, disse que emitiu nove notas fiscais de R$ 3.500 cada uma sem ter prestado serviço para o deputado.

Parte das notas da TESS foi registrada na prestação de contas de Squassoni no Portal da Transparên­cia.

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Will Shutter - 4.abr.18/Câmara dos Deputados Marcelo Squassoni (PRB-SP), que nega irregulari­dades em ligação com empresário

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