Covas diz que investigação de viaduto faz ‘duplo twist carpado’
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), usou uma referência da ginástica olímpica para se referir à abertura de inquérito pelo Ministério Público para apurar as condições do viaduto na marginal Pinheiros que cedeu há duas semanas.
“Responsabilizar uma administração que está há oito meses [no poder] em relação à manutenção de um viaduto que tem 40 anos é uma dificuldade argumentativa mais difícil do que [fazer] um duplo twist carpado.”
A gestão atual teve início em janeiro de 2017, com João Doria (PSDB) prefeito e Covas como o seu vice. Em abril passado, quando Doria deixou o cargo para disputar e vencer as eleições ao Governo de São Paulo, Covas assumiu o comando da gestão municipal.
Na segunda (26), o Ministério Público de São Paulo instaurou inquérito para apurar a responsabilidade da prefeitura em relação ao viaduto que cedeu no dia 15 de novembro na marginal Pinheiros, na zona oeste da cidade.
Também são alvos do inquérito o prefeito, o secretário municipal de Serviços e Obras, Vitor Aly, o ex-secretário da pasta Marcos Penido, a construtora Norberto Odebrecht e a CPTM.
O promotor Marcelo Milani questiona o motivo de a gestão municipal ter aplicado apenas 5% do orçamento previsto para a conservação e manutenção de viadutos e pontes, conforme revelado pela Folha.
Ao longo do ano estavam previstos R$ 44,7 milhões para a manutenção dessas estruturas, mas até o momento foram gastos R$ 2,4 milhões.
Nesta terça (27), Covas disse que a gestão discutia há um ano com o Tribunal de Contas do Município a melhor forma de estabelecer o contrato da empresa que faria os laudos estruturais dessas vias.
“O TCM sugeriu escolher [a empresa] pelo menor preço. Nós queríamos menos preço e técnica”, disse. “Estranho seria se eu usasse os R$ 44 milhões sem contrato.”
Segundo a Promotoria, o inquérito pretende investigar se houve descumprimento da lei de improbidade administrativa. Na opinião do promotor, houve omissão grave da administração pública ao deixar de aplicar os recursos.
Em nota, a Odebrecht negou qualquer envolvimento com o caso. Procurado, o ex-secretário de Serviços e Obras Marcos Penido não respondeu.
O DER (Departamento de Estradas de Rodagem) afirmou que encontrou o projeto original do viaduto nesta terça. O documento, que está sendo digitalizado, é importante para abreviar o trabalho de recálculo da estrutura e acelerar o processo de reconstrução.
Covas confirmou nesta terça a contratação do servidor federal Mauro Ricardo para assumir a secretaria de Governo, em conjunto com a pasta de Desestatização e Parcerias.
O atual secretário de Governo, Julio Semeghini, deve se juntar à equipe de Doria, segundo o prefeito.
De acordo com Covas, a nomeação do novo secretário depende de sua exoneração de seu cargo no governo federal. Ele é auditor fiscal da Receita Federal há mais de 30 anos.
No campo das desestatizações, Ricardo terá o desafio de tirar a primeira delas do papel. O secretário de Desestatizações, Wilson Poit, entregou o cargo há duas semanas.
Ricardo enfrentou acusações que ligaram seu nome à máfia do ISS (Imposto sobre Serviços). O esquema foi descoberto no final de 2013 e, segundo a Promotoria, desviou mais de R$ 500 milhões dos cofres municipais.
O futuro secretário afirma que é inocente. “O caso foi amplamente investigado e eu nem sequer fui chamado para prestar qualquer tipo de depoimento, o que demonstra a minha inocência.”