Edição genética anunciada por chinês seria loucura, dizem pares
Mais de cem cientistas, a maioria radicados na China, condenaram como “loucura” e como ação antiética o anúncio de um cientista de que teria alterado os genes de bebês, criando os primeiros humanos transgênicos.
Em carta, disseram que o uso da tecnologia Crispr-Cas9 para editar genes de embriões era arriscado, injustificado e prejudicava a reputação e o desenvolvimento da comunidade biomédica na China.
Em vídeos, o cientista He Jiankui defendeu o que afirma ter realizado, dizendo que realizou a edição de genes a fim de ajudar a proteger os bebês contra futura infecção por HIV, o vírus que causa a Aids.
“A ética biomédica para essa suposta pesquisa existe apenas no nome. Fazer pesquisas diretamente em humanos só pode ser caracterizado como loucura”, diz a carta.
A Comissão Nacional de Saúde da China anunciou na segunda (26) que estava fortemente preocupada e que havia ordenado que as autoridades de saúde investigassem o assunto imediatamente.
A tecnologia Crispr-Cas9 permite que cientistas “recortem e colem” porções de DNA, e traz esperanças de soluções genéticas para doenças. Mas também existem preocupações de segurança e ética quanto ao seu uso.
É bastante incomum que um cientista anuncie um desenvolvimento que pode ser revolucionário sem oferecer dados que possam ser revisados pelos seus colegas pesquisadores, porém. Jiankui disse que foi autorizado a realizar o trabalho pela comissão de ética do hospital Shenzhen Harmonicare, mas, em entrevistas à mídia chinesa, o hospital negou estar envolvido.