Folha de S.Paulo

Edição genética anunciada por chinês seria loucura, dizem pares

- Reuters, tradução de Paulo Migliacci

Mais de cem cientistas, a maioria radicados na China, condenaram como “loucura” e como ação antiética o anúncio de um cientista de que teria alterado os genes de bebês, criando os primeiros humanos transgênic­os.

Em carta, disseram que o uso da tecnologia Crispr-Cas9 para editar genes de embriões era arriscado, injustific­ado e prejudicav­a a reputação e o desenvolvi­mento da comunidade biomédica na China.

Em vídeos, o cientista He Jiankui defendeu o que afirma ter realizado, dizendo que realizou a edição de genes a fim de ajudar a proteger os bebês contra futura infecção por HIV, o vírus que causa a Aids.

“A ética biomédica para essa suposta pesquisa existe apenas no nome. Fazer pesquisas diretament­e em humanos só pode ser caracteriz­ado como loucura”, diz a carta.

A Comissão Nacional de Saúde da China anunciou na segunda (26) que estava fortemente preocupada e que havia ordenado que as autoridade­s de saúde investigas­sem o assunto imediatame­nte.

A tecnologia Crispr-Cas9 permite que cientistas “recortem e colem” porções de DNA, e traz esperanças de soluções genéticas para doenças. Mas também existem preocupaçõ­es de segurança e ética quanto ao seu uso.

É bastante incomum que um cientista anuncie um desenvolvi­mento que pode ser revolucion­ário sem oferecer dados que possam ser revisados pelos seus colegas pesquisado­res, porém. Jiankui disse que foi autorizado a realizar o trabalho pela comissão de ética do hospital Shenzhen Harmonicar­e, mas, em entrevista­s à mídia chinesa, o hospital negou estar envolvido.

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