Pitágoras não é o autor do teorema matemático que carrega seu nome
Embora seja o matemático mais conhecido do público, pouco se sabe sobre a vida e a obra de Pitágoras. Pior, as escassas informações de que dispomos são contraditórias.
Foi pioneiro genial que deu os primeiros passos na transformação da matemática em ciência rigorosa? Ou místico obcecado com temas esotéricos, como reencarnação, e regras peculiares, como a proibição de comer feijões?
Parte da confusão se deve
aos seus partidários terem se
dividido após sua morte, transmitindo visões antagônicas de
suas ideias.
Ao que sabemos, Pitágoras
nasceu na ilha grega de Samos, por volta de 560 a.C., e morreu na Itália, cerca de 480 a.C.. Na
juventude, viajou por Egito e
Babilônia, absorvendo conhecimento matemático.
Por volta de 530 a.C., fixouse na colônia grega de Crotona, onde fundou uma sociedade filosófica e religiosa que exerceu influência política considerável na Magna Grécia, o conjunto das colônias gregas no sul da Itália.
Pitágoras dividia seus seguidores em “akousmatikoi” (ouvintes), que estavam proibidos de falar e só podiam memorizar as palavras do mestre; e
“mathematikoi” (matemáticos,
ou aprendizes), os mais avançados, que podiam perguntar e até expressar opiniões.
Só transmitia seus princípios com clareza aos últimos. Os “akousmatikoi” recebiam só
esboços vagos e misteriosos.
Depois que morreu, os dois
grupos teriam evoluído para
facções rivais, transmitindo
versões distintas dos ensinamentos: mística e esotérica, pelos “akousmatikoi”, racional e científica, para os “mathematikoi”. Mas é possível que a distinção não fosse tão estrita. O alicerce da filosofia pitagórica era a ideia de que tudo é número. Ela estava baseada na descoberta de que as harmonias musicais podem ser expressas mediante números. Harmonias mais bonitas são dadas por notas cujas frequências estão em relações simples,
tais como (2:1) ou (3:2).
Outro fundamento de sua crença estava na astronomia, que Pitágoras aprendera com
os babilônios. Acreditava que
os movimentos periódicos dos
planetas estariam relacionados de alguma forma com os
intervalos musicais, sugerindo
que o movimento dos corpos
celestes produz uma espécie
de harmonia nos céus, a “música das estrelas”.
Sua contribuição científica
mais conhecida é o teorema de
Pitágoras: num triângulo retângulo, a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.
Mas vestígios arqueológicos
comprovam que o teorema já era conhecido dos babilônios
por volta de 1800 a.C.. Também parece duvidoso que Pitágoras tenha dado a primeira prova rigorosa, como acreditaram alguns historiadores.
Seu papel parece ter sido o
de apresentar o teorema ao
mundo grego e, dessa forma,
a toda a civilização ocidental.