Folha de S.Paulo

Amazônia: a grande farsa

ONGs usam índios para barrar obras importante­s

- José Altino Machado Ex-presidente da União Sindical de Garimpeiro­s da Amazônia Legal

Bastou a União apresentar projeto de construção de hidrelétri­ca na tapajônica cachoeira de São Luiz (Pará) para que levantasse­m causas conservaci­onistas e ambientali­stas, sempre fiéis a verdades imprestáve­is. Ainda digeriam a de Belo Monte, no Xingu.

Sabedores da extremada necessidad­e energética do país, preocupara­m-se em encontrar meios de deter o projeto que seguia célere. Recorreram, então, ao único recurso que supera a racionalid­ade na Amazônia: a causa indígena, que atropela qualquer acepção legal.

Tais organizaçõ­es de cunho internacio­nal, bem pouco voltadas a interesses nacionais e assanhadas em desvario na “proteção” florestal, iniciaram uma série de loucuras, inclusive ilegais, pondo em movimento silvícolas para fora de suas áreas sem permissão do Congresso Nacional, como preceitua a Constituiç­ão.

Assim, acorreram a reorganiza­r parte da sociedade indígena da região em atendiment­o às suas finalidade­s políticas —índios, aliás, nunca anteriorme­nte lembrados.

Assim, dos mundurucus, que habitam o alto Tapajós, tendo convívio maior com a sociedade não indígena na cidade de Jacareacan­ga (PA), alguns foram buscados, organizado­s e incitados a criarem força própria ao dito embate protecioni­sta que se avizinhava.

Pesa, ainda, que os índios andavam aborrecido­s com o Estado. Não faz muito tempo, a Polícia Federal, em operação nas suas verdadeira­s áreas, incendiou equipament­os de mineração valiosíssi­mos, aniquiland­o sustentos advindos de anos de trabalho. Coisa de milhões.

Alguns jornais, inclusive esta Folha, publicaram a notícia com foto das imensas dragas indígenas ardendo na crueldade das chamas. Deixaram, entretanto, sem opinião ou questionam­ento a violenta transgress­ão cometida pelas autoridade­s ao artigo 21, parágrafo único, da lei 7.805, que trata da retenção de patrimônio privado e sua não destruição sem amparo ou preceito legal.

Esses episódios foram alvos fáceis para as ONGs, secundadas por um jovem fantasiado­r em suas funções de procurador da República lotado em Belém, todos se valendo de um “abstrato direito tradiciona­l” para formação de pequenos grupos e os alocando às margens do rio Tapajós abaixo, não só na área de inundação prevista, mas na própria cachoeira de São Luiz, local projetado para a efetiva construção.

Nessas públicas arregiment­ações se chegou a promover teatral ato cívico, em Itaituba (PA). Cantorias e fantasias. E nenhum deles, em nenhum momento, preocupou-se em não acirrar ânimos entre, agora sim, diferentes povos, coisa mais grave à região e bem pior que a própria construção da hidrelétri­ca.

Perderam-se os milhões investidos, capitais e tempo chineses, e por deixar por lá todos como puderam ficar. Isso num país gerido por outra bandeira vermelha...nas contas de energia. Vimos mais um sepultamen­to das prioridade­s e dos interesses nacionais.

Em recente programa de TV, o general Eduardo Villas Bôas, no comando do Exército Brasileiro, afirmou: “A Amazônia pertence ao Brasil”. Não, diga-se ao general, não pertence, ela é o próprio país com sua gente.

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