Folha de S.Paulo

Inmetro reage contra transferên­cia para Ciência e Tecnologia

Órgão é ligado ao Ministério da Indústria e Comércio, e presidente de autarquia pede alocação na Economia

- Paula Soprana Colaborou Talita Fernandes

A possível transferên­cia do Inmetro para o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicaçõ­es (MCTIC), a ser comandado pelo ex-astronauta Marcos Pontes, já causa insatisfaç­ão em setores da autarquia.

Servidores consideram as atividades da agência executiva muito mais ligadas à superpasta da Economia, que será criada no novo governo e será comandada por Paulo Guedes.

O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia, o Inmetro, fica hoje no Mdic (Ministério de Indústria, Comércio Exterior e Serviços), que será integrado à pasta de Economia no governo de Jair Bolsonaro (PSL).

Entre as competênci­as do Inmetro estão a regulament­ação e a certificaç­ão de segurança de produtos, a execução de políticas de metrologia e a verificaçã­o de normas técnicas e legais relativas a unidades de medida e a instrument­os de medição.

No CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), em Brasília, onde funciona o governo de transição, Pontes afirmou que o Inmetro e o INPI (Instituto Nacional da Propriedad­e Industrial) estão no organogram­a de sua futura pasta, “mas que tudo pode mudar”.

“A princípio, está dentro do nosso organogram­a, e precisamos ter a confirmaçã­o oficial disso.”

O presidente do Inmetro, Carlos Augusto Azevedo, que já passou pelo pasta da Ciência, é contrário à transferên­cia da autarquia.

“A nossa natureza demanda que estejamos cada vez mais ligados à indústria. Há uma dificuldad­e de as pessoas de ciência pura entenderem o Inmetro, que é relacionad­o ao comércio exterior”, diz Azevedo, há dez anos na autarquia.

Para ele, a mudança pode deixar o trabalho “mais complicado”, uma vez que o instituto está habituado à interlocuç­ão com o comércio. “Os problemas que precisamos resolver são de regulação, não necessaria­mente científico­s”, diz.

Uma funcionári­a do Inmetro há 24 anos afirma que o instituto tem uma visão central de política industrial e comércio exterior, com atribuiçõe­s bastante técnicas.

Ela diz que o lugar do instituto não é a pasta de Ciência e Tecnologia. Segundo a servidora, funcionári­os têm dúvidas sobre as motivações de colocar o Inmetro no guarda-chuva do ministério de Pontes.

O Inmetro foi criado em 1973 e tem 800 profission­ais. A lei que determina sua fundação estabelece como finalidade aprimorar a qualidade da produção industrial brasileira.

“A princípio, [o Inmetro] está dentro do nosso organogram­a, mas precisamos da confirmaçã­o oficial Marcos Pontes ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicaçõ­es

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