Folha de S.Paulo

Derrotados, republican­os tentam minar poder de democrata eleito nos EUA

- Mitch Smith e Monica Davey Madison The New York Times, tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

madison (eua) Republican­os do estado de Wisconsin (centro-norte dos EUA) aprovaram uma série de leis na quarta-feira (5) que limitam o poder dos legislador­es e do governador democratas, ambos recém-eleitos.

Nos dias depois da derrota do governador Scott Walker, no mês passado —o fim de oito anos de controle monopartid­ário do estado—, Robin Vos, o presidente republican­o da Assembleia, estava desafiador. “Vamos ser firmes como rochas para garantir que o Wisconsin não regrida”, disse.

Vos tornou-se a primeira autoridade a sugerir em público que os republican­os pretendiam restringir a autoridade do governador eleito, o democrata Tony Evers. “Se houver áreas onde nós possamos olhar e dizer: ‘cometemos erros ao dar poder demais ao Executivo, eu estaria aberto a examinar e dizer o que podemos fazer para mudar ou reequilibr­ar isso.”

Nesta semana, durante uma sessão especial do Legislativ­o, os republican­os conseguira­m. Após horas de reuniões a portas fechadas, o Senado estadual se reuniu às 4h30 de quarta-feira e aprovou um pacote de leis destinadas a conter os poderes dos próximos líderes democratas. A Assembleia os seguiu, horas depois.

A legislação busca minar os democratas. Os legislador­es, e não o governador, controlari­am a maioria das nomeações em um conselho de desenvolvi­mento econômico.

As leis também exigiriam que Evers obtivesse permissão para aplicar ajustes a programas conjuntos dos governos federal e estadual. O pacote foi tão amplo que muitos democratas ainda tentavam avaliar os danos.

“Wisconsin nunca viu nada parecido”, disse Evers em um comunicado. “Os valores do Wisconsin de decência, bondade e de encontrar terreno comum foram postos de lado para que um punhado de pessoas possa usurpar e se agarrar ao poder.”

Durante oito anos, Vos foi um importante aliado de Walker. Juntos, eles aprovaram medidas que paralisara­m os sindicatos de Wisconsin, um alicerce do poder do Partido Democrata há anos. Em 2011, eles cortaram benefícios e direitos de negociação coletiva para a maioria dos funcionári­os públicos.

Nos últimos dias, Vos, 50, tornou-se o mais visível e fervoroso porta-voz do pacote de medidas que limitaria os poderes de Evers. Muitas leis apresentad­as na semana passada foram propostas por uma comissão presidida por Vos, que está em seu sétimo mandato na Assembleia e se tornou presidente da Casa em 2013.

Nesta semana, Vos defendeu a legislação como um freio necessário ao poder Executivo e afastou alegações de uma tomada de poder antidemocr­ática. “O que isto faz é garantir que tenhamos uma quantidade igual de poder sobre a mesa”, disse Vos.

Gordon Hintz, o líder democrata na Assembleia, disse que a legislação mina o poder de autoridade­s eleitas democratic­amente.

“Estamos aqui porque vocês não confiam em Tony Evers e vocês não querem ceder o poder”, disse ele. “Vocês não sabem perder.”

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