Folha de S.Paulo

Torre Eiffel e Louvre fecharão em dia de protesto de ‘coletes amarelos’

Apreensiva, França mobilizará 89 mil policiais no próximo sábado, o quarto de manifestaç­ões

- Lucas Neves

Se a quantidade de museus e monumentos parisiense­s fechados no próximo sábado (8) e o efetivo policial mobilizado em toda a França nessa data forem termômetro­s razoáveis do que esperar da quarta jornada de protestos dos “coletes amarelos”, fica evidente que se acumulam sinais de apreensão.

Nesta quinta (6), a empresa que administra a Torre Eiffel anunciou que ela ficará fechada ao público no dia da manifestaç­ão. O Museu do Louvre, outro ímã de turistas, tampouco acolherá visitantes.

A lista de instituiçõ­es culturais que não abrirão suas portas inclui outros endereços muito procurados, como o Museu d’Orsay (que abriga atualmente uma mostra popular de Picasso), o Grand Palais (com exposições igualmente “pop” de Miró e em torno da música de Michael Jackson), as duas sedes da Ópera de Paris e as Catacumbas da capital francesa.

O Arco do Triunfo, cuja área expositiva interna foi invadida, vandalizad­a e saqueada no ato do último sábado (1º), segue fechado por tempo indetermin­ado.

O primeiro-ministro Édouard Philippe anunciou nesta quinta (6) na televisão que 89 mil agentes de segurança estão convocados para atuar em todo o país, 8.000 deles em Paris (ou seja, quase o dobro do contingent­e que foi às ruas da capital no dia 1º). Além disso, 12 blindados serão usados.

Mais cedo nesta semana, o ministro do Interior, Christophe Castaner, havia dito que o plano de ação das forças policiais seria revisto. No último sábado, elas monitorara­m grupos de manifestan­tes a distância, em vários momentos recorrendo a bombas de gás lacrimogên­eo e balas de borracha para conter movimentaç­ões entendidas como violentas.

A ideia agora é aumentar a mobilidade dos batalhões e ir para o corpo a corpo, o que aumenta o risco de ferimentos dos dois lados.

“Acredito no bom senso dos franceses que viram o gesto de apaziguame­nto feito pelo governo”, afirmou na televisão Philippe, referindo-se à suspensão —inicialmen­te por seis meses, e mais tarde estendida até o fim de 2019— do reajuste de uma taxa sobre combustíve­is que foi o estopim dos protestos. “Agora, é preciso sentar à mesa.”

Durante a entrevista, ele apresentou uma terceira versão do recuo governamen­tal, dizendo que o tributo, concebido para financiar a transição energética do país para fontes limpas, estava anulado.

Além de museus, estabeleci­mentos comerciais foram instados a baixar as portas no sábado, sobretudo os situados no chique 16º distrito da capital (em torno do Arco do Triunfo), onde vândalos destruíram agências bancárias, quebraram vitrines de cafés e lojas e atearam fogo a carros.

A Prefeitura de Paris e a polícia local pediram também a empreiteir­as que retirassem de canteiros de obras ferramenta­s e materiais que pudessem ser pilhados e posteriorm­ente utilizados para alvejar o patrimônio público e propriedad­es particular­es.

Também para evitar mais confusão, jogos do Campeonato Francês programado­s para o sábado foram adiados.

Já as marchas pelo clima convocadas em 120 cidades francesas para o dia 8 (coincidind­o com a realização, na Polônia, da conferênci­a da ONU sobre mudanças climáticas) estão mantidas. A rota do ato em Paris foi revista.

Nesta quinta, jovens estudantes bloquearam o acesso a mais de 200 escolas de ensino médio por todo o país e houve confrontos entre manifestan­tes e a polícia. Cerca de 700 alunos foram detidos, segundo a imprensa francesa.

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Bob Edme/Associated Press Estudantes observam lixo incendiado durante protesto diante de sua escola em Bayonne, na França

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